segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mensagens

Me sinto novamente preso em minhas próprias incapacidades. Novamente tenho muito a dizer, mas de alguma forma não consigo traduzir os meus pensamentos nas palavras certas. Acho que na verdade elas não existem. Não existem palavras que possam de fato exprimir o que se passa no interior de nossos corações, e se existem, certamente elas não seriam reveladas a um pobre escritor como eu. 

A cada dia eu venho me surpreendendo mais com minha capacidade de tomar decisões. Não necessariamente as mais erradas, mas certamente as mais estranhas. 

Ontem me sentia profundamente deprimido, mas sem motivo aparente. Mergulhei numa conversa onde fui consolado por ninguém menos que meu ex namorado. Me senti um pouco melhor, mas gostaria de entender o que aconteceu comigo de fato. 

Acho que estava me sentindo sozinho...

Por isso eu acabei carente (não que essa não seja uma característica bem recorrente em minha pessoa) e mergulhei no meu já conhecido oceano de musicas tristes e lamentos intermináveis. Mas eu tinha realmente muitas ideias pra escrever um bom texto ontem, só que o pessoal do WhatsApp não me permitia ficar tempo suficiente escrevendo e quando vi, depois de quase 3 horas digitando, tinha sido só mais um texto bobo e sem nexo, que mal conseguiu arranhar a superfície do que eu realmente sentia. E para completar, hoje já não me recordo mais das impressões sobre as quais gostaria de falar. 

De qualquer forma, fiz algo um tanto quanto inesperado (ou não). Acabei mandando mensagem para um antigo catequizando meu, que encontrei por acaso numa Missa na paróquia vizinha a minha que fui ontem.

Sobre ele, um breve resumo: foi meu catequizando anos atrás, e por muito tempo não o vi, até que notei que andava com um grupo de jovens piedosos dessa igreja e hoje se tornou um dos nomes mais importantes e influentes da juventude católica por lá. Talvez não por coincidência seus amigos não são muito abertos comigo e mostram uma certa vontade de me ignorar sempre que podem, ou talvez seja só uma impressão minha. De qualquer forma, segue a íntegra das mensagens:

"Oi *****, blz? Não estranhe (muito) essa msg ok? Pq vai ser bem estranha...

Então, olho pra vc hj e não vejo o catequizando de anos atrás, eu vejo um santo. (desculpe se pareço bajulador, mas estou sendo sincero, apenas) Acho engraçado pois, mesmo sabendo q não ensinei nada, sou eu quem precisa aprender. Por isso peço a ajuda de um superior na fé! 

Eu não sei mais o que fazer, por mais q eu tente me aproximar de Deus parece q mais me afasto dele. Estou tão errado assim em meu jeito de servir? Sou uma pessoa tão ruim assim? Gostaria q fosse sincero, mas se não quiser falar nada tudo bem, tbm irei entender.

Obrigado, e desculpe." (Via MESSENGER)

Resposta:

"Ooi Gabriel, tá tudo ótimo.

Obrigado pelo elogio, todavia, eu não sou nenhum Santo ainda, tenho muito o que aprender e o que praticar. Você foi sim um grande catequista pra mim, supriu bem as faltas constantes do Lucas e, aliás, aprendi muito com vcs mesmo não tendo ainda uma experiência única com Deus. Já dizia o velho sábio de que não há alguém suficientemente burro que não possa ensinar, nem homem suficientemente inteligente que não possa aprender. Em nossas vidas não podemos deixar nunca de aprender, temos que se colocar como pequenos em todos os momentos. É desse jeito, como um simples servo, que conseguiremos amar os nossos irmãos. 

Não tenho muito contato com vc diariamente, mas tenho certeza que você não é uma pessoa ruim. Deus te ama do jeito que você é, com seus erros, suas dificuldades e suas limitações. Um amor Agape. Um amor firme e incondicional. E para termos esse amor em nossa vida, o Papa Francisco nos recorda que é preciso apenas querer. Se reconhecer como um pecador e ir ao encontro do Pai misericordioso como na passagem do filho pródigo. O Deus de amor espera de braços abertos a volta do seu filho predileto. 

Dia 17 e 18 de dezembro, na São José, teremos o Curso Nova Vida. Sinta-se convidado a experimentar momento únicos com Deus. Eu fiz esse curso meio que obrigado, não queria perder o jogo do flamengo, mas hoje agradeço muito por eu ter estado naquele salao aquele final de semana. Espero que você aceite o convite de estar presente conosco, pois tenho certeza que Deus tem planos maravilhosos pra vc nesses dias. Vc vai aprender muito, como qualquer um aprende."  (Via MESSENGER)

Não acho que queira entrar no mérito dos significados por detrás da resposta que recebi, mas sim dos motivos que me levaram a escrever algo desse tipo para uma pessoa praticamente desconhecida. 

Como disse, novamente minha carência atacou com força. E ai eu saí por ai mandando mensagem pra desconhecidos tentando me curar dela. DÁ PRA PERCEBER A QUE NÍVEL EU CHEGUEI COM ISSO? Nem eu mesmo acreditei quando li. 

E eu realmente fui sincero na mensagem que mandei. Foi um daqueles momentos em que minha alma estava despida de qualquer pudor (óbvio né, quem mais faria isso em posse de suas faculdades mentais?) 

Acho que estou me sentindo sozinho... 

Mas ainda assim... 

Quando foi que me permiti me tornar assim tão patético? E não foi a primeira vez que fiz algo do tipo não. Esses casos tem se mostrado cada vez mais frequentes e cada dia mais fora do meu controle, me fazendo acreditar que meu estado mental tem piorado cada vez mais... 

Será que minha autoestima e meu amor próprio andam tão ruins que eu agora passei a implorar a atenção de desconhecidos? 

Na verdade nem é de agora, já há muito eu tenho feito isso, vide meus relacionamentos fracassados. Todos e cada um deles foi motivado por essa mesma carência, essa mesma necessidade incontrolável de tapar um buraco que na verdade não pode ser preenchido senão por mim mesmo. 

Mas ela continua a me perseguir e a fazer de meu coração, e agora de minha vida social, seu pobre refém...

Oh até quando serei assim? Até quando continuarei a me martirizar dessa maneira? 

Acabei de ouvir que "nada do que vivemos tem sentido se não tocar o coração das pessoas." (não sei quem é o autor, e não vou procurar). Mas sinceramente, a essa altura do campeonato, já não acredito mais que as pessoas possam tocar os corações umas das outras. 

Outro dia mesmo, conversando com um amigo, eu disse a ele:

"Sofremos por quem amamos e pela falta q essas pessoas nos faz, mas não conseguimos amar quem se dispõe a isso. Eu não consegui amar o *****, mesmo ele sendo melhor do que o ***** e o ***** jamais foram. Vc tbm não conseguiu me amar, mesmo eu dizendo estar disposto a tudo por isso naquela epoca. Acho q então só estamos recebendo a paga devida pelo nosso desvario." (Via WhatsApp)

E de fato gostaria de aprofundar mais sobre isso.

Acontece que como pessoas ambiciosas, nossa ganância deseja apenas aquilo que não podemos ter. Assim como ele não me amou quando, tempos atrás, eu gostava dele, eu também não fui e não sou capaz de corresponder aos sentimentos de quem os demonstra por mim, e ainda assim insisto naqueles que me ignoram ou que me tratam mal.

Ontem mesmo eu disse que puxei novamente assunto com aquele que amo, mas que havia jurado nunca mais correr atrás. E foi como esperado, ele apenas conduziu a conversa de forma a me fazer falar e sem se revelar em nada para mim. É como se eu fosse para ele um livro de receitas completamente aberto e compreensível e ele, um diário fechado a cadeado. 

E assim tem sido desde muito tempo, mais do que consigo me recordar... Acho que sempre fui assim. Talvez seja algo que eu não possa mais mudar. Porque... Se eu mudar, talvez não seja mais eu mesmo...

Não sei.

Onde será que eu vou parar?

2 comentários:

  1. Seu blog é muito profundo e interessante, só acho que a URL dele é muito difícil para as ferramentas de busca... talvez fosse interessante somente devaneiospessoais.blogspot.com
    É só uma sugestão... beijos estrela cadente!!

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    1. Oiie, obrigadinho <3 Então, quando fui criar eu tentei umas 30 opções diferentes (inclusive essa) ai ja tava perdendo a paciência, acabou ficando esse pq era o nome de uma musica q tava ouvindo na hora, mas já me dissseram o mesmo, vou pensar numa solução... Obrigado :3

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