domingo, 18 de dezembro de 2016

Primeiro passo

Mudar percepções é algo realmente fantástico... A vida, muito embora dura em sua pedagogia, de fato, tem sempre a delicadeza de nos mostrar onde erramos e como podemos reparar. 

Também Deus, em sua infinita bondade, e justiça, nos mostra como voltar ao seu caminho, novos, purificados, renovados e assim, depois de experimentar sua graça divinal, reestruturar a vida e quem sabe, dar outros passos em direção ao céu. 

Esses dois dias foram para mim de grande aprendizado, e acho que posso resumi-lo numa única palavra: 

Humildade. 

Eu percebi o quanto orgulhoso eu era (sou) e o quanto isso me causava sofrimento. O conhecimento que tenho não era, e não é, capaz de me dar a satisfação que tanto procuro pois não é em nenhuma sabedoria humana que se encontra a felicidade, eu tenho conhecimento, mas não era feliz. E a felicidade também não significa também a falta do sofrimento. Os dois podem coexistir pacificamente, e acredito eu, a felicidade é ainda maior quando coexiste com o sofrimento, pois só assim damos a ela seu devido valor.

Nesse caso, o sofrimento a que me refiro não é o provocado pelo pecado, este deve sim ser extirpado de nossa existência, mas o sofrimento natural da vida, aquele do qual ninguém tem culpa, e que costumamos creditar a Deus e sua maldade. Mas até desse sofrimento, Deus consegue nos ensinar a felicidade. 

De nada adianta todo conhecimento do mundo se eu não tiver amor. Ele apenas se reduziria a orgulho e vaidade, e disso já minha já estava cheua, e por isso sou infeliz.

A felicidade que encontrei nos últimos dias consiste no perceber que pessoas mais novas do que eu podem possuir a verdadeira sabedoria que eu não consegui adquirir nos livros, não que soubessem mais do que eu, mas porque sentiam o que eu não conseguia sentir: o Amor. E esse amor, o verdadeiro, não este imperfeito baseado nas minhas experiências humanas fracassadas, é capaz de dar o sentido verdadeiro da minha sabedoria.

Não me prometeram o fim do meu sofrimento. Me prometeram que eu seria incrivelmente feliz, incrivelmente satisfeito, e que eu haveria de sofrer muito ainda. Nada de felicidade gratuita. Edward Elric disse que "as pessoas não conseguem aprender uma lição sem dor e sofrimento, isso porque elas não são capazes de obter nada sem oferecer nada em troca." Por isso, para se obter algo, deve se oferecer em troca uma coisa de valor equivalente, essa é uma das leis máximas da vida, a chamada Troca Equivalente.

Mas eu não tenho nada. Portanto devo sofrer na carne e na minha vida o que for preciso para conquistar a felicidade. Não a passageira e fugaz que o mundo me oferece. Mas sofrendo na carne e me unindo ao sacrífico de Cristo na cruz podemos chegar a alegria eterna. 

E de nada adiantava meu orgulho. 

Não serei medíocre dizendo que a partir de hoje não mais serei assim, estaria mentindo se o dissesse. Mas, para se chegar a qualquer lugar é preciso dar um primeiro passo, e esse sim, eu acredito ter dado, mesmo depois de tanto tempo. Finalmente consegui voltar a caminhar, mas já não caminho sozinho, tem alguém que me segura pelas mãos e que me guia, e me guiando, me levará com ele onde quer que ele for. Ele vai para a cruz, disso eu sei, e com ele eu irei, e de lá iremos juntos ao túmulo, mas com ele também eu ressuscitarei ao terceiro dia. 

Minha vida espiritual estava morta. Eu vivia apenas do modo automático, sem sentir mais nada verdadeiramente. Hoje, ao contrário, eu pude sentir em mim algo que já não sentia há tempos, algo que não vem de mim, mas algo que é capaz de me transbordar e de me levar adiante, onde eu jamais estive.

Obrigado por essa experiência. 

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