quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Destroços

Ironicamente a história de hoje vem desenterrada de muitos meses atrás. Como um fantasma que ressurgiu para assustar e relembrar as almas que destruiu quando ainda estava com vida a caminhar por essa terra. 

No entanto esse fantasma não surgiu como um espectro incorpóreo fazendo barulhos na madrugada para atormentar aqueles que ainda vivem. Tampouco se apresentou como lembranças teimosas a pulularem numa mente perturbada e frágil. Dessa vez esse fantasma se apresentou fisicamente, ou quase, mas na forma de imagens que foram como um soco forte acima do estômago, que me tirou o ar e me fez cair ao chão, como um inválido que perdera a guerra.

Não vi nada que realmente me ofendesse, e nem que desrespeitasse a mim diretamente, no entanto, ainda me chocou profundamente. 

Ele seguiu em frente.

Óbvio, já se passaram por volta de 9 meses desde que nos afastamos. Eu por acaso esperava que, ao menos por um momento sequer, ele teria sofrido tanto quanto eu ao ser abandonado juntamente no momento em que mais precisava? 

Acontece que ver aquilo foi como uma revelação para mim. De que o único a sofrer insistentemente por tanto tempo fui eu. Não que isso tenha sido de fato uma surpresa, mas admito que tenha sido um choque. 

A verdade tem esse poder sobre nós. Quando ela se revela a nossa frente, ela se mostra grosseiramente implacável, e foi o que aconteceu: como uma grande bola de demolição ela me atingiu me lançando com força contra uma parede e esmagando o que restava de minha frágil esperança. 

Esperança risível e digna de pena, diga-se de passagem, pois na verdade eu deveria ter me conformado e aceitado a verdade da separação desde o princípio. Mas mesmo tentando seguir em frente muitas vezes, ao fim de cada uma delas eu vi que na verdade não passaram de tentativas fúteis de esquecê-lo. 

Quando o conheci, passava por um momento de carência deveras muito grande, e ter ao meu lado alguém que tirava isso de mim era algo confortador. Ouvir que era amado e poder dormir confortavelmente naqueles braços me fizeram acreditar que eu realmente era amado. Que eu realmente era importante para alguém. No entanto, o final dessa história todos já sabemos: não passou de um grande engano. Eu que por carência acreditei ser amado, por carência fui amado por alguém que passava pelo mesmo momento de fragilidade que eu. E isso não poderia terminar de uma boa maneira, óbvio que não. 

E deu no que deu.

A bola de demolição se lançou então contra mim e esmagou os sonhos e esperanças que tinha naquele momento, e hoje tornou a me atingir com sua força destrutiva. 

Gostaria de aproveitar essa metáfora e dizer que, assim como um prédio precisa ser destruído para que outro seja erguido naquele lugar, eu também conseguirei me reerguer após mais esta destruição. No entanto, eu não acredito verdadeiramente que isso seja possível. Para dizer a verdade, acredito que nunca conseguirei me reerguer novamente...

Para sempre restarão apenas os destroços no chão daquilo que um dia foi um belo amor. E esses destroços serão uma herança eterna, que perpetuarão essas lembranças por toda a eternidade, lançando os momentos que passamos juntos no cosmos, fazendo com que nem mesmo minha morte seja capaz de apagá-las. 

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