terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Sem destino

Estou começando a aceitar que simplesmente ficar com a tela do computador em branco na minha frente não é suficiente para sentar e escrever um mega texto que vai conseguir elevar até mesmo as minhas limitadas técnicas de escrita. Já faz pelo menos meia hora que abri o editor e nada me vem a mente. 

Mais uma vez eu fui acometido pelo vazio, e hoje não foi só um vazio criativo. Hoje foi um dia todo vazio. Na verdade eu dormi a maior parte dele. Acordei já quase as 10h e voltei pra cama ao meio dia, acordando só as 15h, onde depois fiquei assistindo alguns animes até vir aqui pro quarto ser dominado pelo Nada que me circunda.

Acho que estou passando por um momento bem característico da juventude chamado de "indecisão." 

- Mas você não sabe o que vai fazer da sua vida? 

- Não, eu não sei. 

- Mas você já fez uma faculdade, já tem 21 anos e ainda não sabe o que vai fazer da sua vida?

- Não, eu não sei.

Não sei mesmo. Não faço a mínima ideia. 

Quando penso no meu futuro, claro, algumas possibilidades me surgem à mente, como por exemplo, passar num concurso da Secretaria de Educação e me tornar professor, trabalhar por 25 anos no magistério e então me aposentar OU me casar com um velho muito, muito rico e muito, muito velho e ficar com a fortuna dele quando ele morrer. 

Particularmente eu prefiro o segundo plano, mas baseado nas minhas preferências emocionais acredito que não teria estômago para aguentar um velho. Por outro lado, muito embora eu tenha me formado para isso, e esteja azendo uma pós pelo mesmo motivo, eu não vejo o magistério como uma coisa tão linda assim. Muito estresse, pouca remuneração e um altíssimo risco de ser preso por me relacionar com algum aluno são só alguns dos pontos negativos dessa profissão. Mas francamente eu não sei fazer mais nada então só me resta isso mesmo. 

Acho que o lance é aceitar, levantar a cabeça e tentar tocar a bola pra frente, muito embora minha vontade maior seja de desistir de tudo enquanto espero lentamente pela morte a morrer de inanição no conforto de meu quarto. Francamente tem horas que isso me parece um plano mais plausível, afinal não teria que me preocupar com mais nada. Mas infelizmente a vida não é tão simples assim, e nem tampouco a morte, e não acho que seja também muito agradável passar o resto da eternidade sendo espetado pelo capeta sem direito sequer a um lubrificante. 

Nossa, tenho apenas 21 anos mas o meu discurso já se assemelha ao de um velho amargurado de 80 que já perdeu as expectativas de futuro. 

Mas as coisas nem sempre foram assim...

Houve uma época em que eu fui verdadeiramente feliz, mas não o sabia, e mesmo sendo feliz, ainda agia como se precisasse buscar a felicidade. E eu fui crescendo, passando por cima da felicidade que tinha até que a abandonei de tal modo que já não podia mais ser feliz. Eu já havia partido em busca de outras coisas que não sabia o que eram. E no entanto minha busca se mostrou uma grandiosa tolice. 

Encontrei alguns amores, e todos deram tragicamente errado. Acreditava eu, tolo, que nos braços dos homens encontraria a felicidade que havia abandonado. Mas nem sequer esses braços eu consegui encontrar, e na solidão em que eu me achava eu me angustiei e fiquei do jeito que estou. Sem mais acreditar nas possibilidades e sem me lembrar qual era o caminho para voltar para a minha felicidade.

Como se não bastasse ter partido por terras desconhecidas eu também passei a navegar por águas remotas, e foi onde eu me perdi completamente. Não só não encontrei nada que ao menos se assemelhasse com a felicidade como também perdi o resto das coisas que tinha. Nem mesmo minha mente escapou das águas frias desse oceanos de desolação onde naufraguei e onde agora estou à deriva, esperando pelo dia em que serei acidentalmente encontrado e resgatado ou pelo dia em que finalmente morrerei. Ela se tornou uma grande nuvem escura, cheia de raios e trovões, que traz apenas medo e confusão com seus barulhos e explosões. 

Agora já não há mais para esse pobre viajante nenhuma possibilidade de chegar a um destino decente. Suas oportunidades passaram. 

Vagará sem destino para sempre.

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