sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Luz, trevas e esperança

Luz

Ora, ora, ora... Será essa a última bad do ano? Ou 2016 se forçará até o último segundo como um ano de profundas coisas ruins?

Olha só pra mim agora... Quem diria que aquele garotinho contente do final do ano passado estaria no estado em que eu me encontro agora? Em pleno reerguimento depois de passar pelo pior inferno que eu poderia imaginar...

Agora eu me vejo aqui, não reerguido ainda, no alto da montanha, mas de pé, de frente para o lamaçal imundo por onde chafurdei nos últimos meses. Acho que ficar de pé já me ofereceu uma visão clara do lugar horrível onde estava. Quanto alívio encontro agora liberto daquelas amarras que me prenderam por tanto tempo...

Claro, não estou completamente livre delas ainda, mesmo que as correntes tenham caído ao chão, as marcas que elas deixaram no meu corpo ainda doem. São as cicatrizes da prisão onde estive, que continuarão ainda a me lembrar por muito tempo de toda a dor pela qual passei.

O saldo desse ano? Uma franja, três tatuagens e uma depressão. Provavelmente passarei uns bons anos ainda na terapia pra conseguir entender bem o que foi que me aconteceu, mas uma certeza eu tenho: não pretendo voltar mais para aquele inferno!

Nem tudo está resolvido, pelo contrário, somente comecei a resolver minha cabeça. Os últimos dias tem servido justamente para me ensinar isso, que ainda existem muitos monstros dentro de mim que merecem atenção. Meu exército interior ainda deverá lutar muitas e muitas guerras sangrentas. Será difícil, tenho certeza disso.

Mas o que vem a minha mente hoje é a dificuldade de viver e compreender o outro. Somos tantos e tão diferentes, e os embates entre nossos sensos de certo e errados são quase sempre dolorosos e sangrentos, o que é tão triste. Aqueles que deveriam guiar apenas conseguem se mostrar verdadeiros ditadores. Não passam disso.

Atualmente eu tenho encontrado dificuldade em insistir demais nas pessoas. Particularmente eu insisti tanto em pessoas que nenhum pouco se esforçaram por minha causa que não acredito mais que existam pessoas merecedoras de meu esforço novamente. Posso estar muito errado, e amanhã posso mudar de ideia, mas hoje, é assim que as coisas são.

Se quiser ir, vá. 

Se quiser voltar, também. 

Estão todos livres, e o meu amor continuará aqui, mas ele não mais irá sair o mundo correndo atrás de quem ele ama. Tudo muito complexo, admito, mas tenho tentado simplificar ao máximo.

Acontece que eu errei tremendamente quando forcei minha mente ao limite em insistir em coisas que não dariam certo. Um namoro que fracassou tragicamente, uma paixão não correspondida de anos atrás me levou ao completo caos mental, e toda uma complexa rede de relacionamentos complicados na igreja que levaram o limite da exaustão.

As crises se tornaram cada vez mais frequentes. Nessas crises, choro, desespero e o ar que me fugia dos pulmões. No papel, uma folha de diagnóstico onde se lia "Distúrbio Misto de Depressão e Ansiedade." Que coisa linda, não? Esse foi o resultado, o resultado de um exagero, são os frutos que hoje coleto da minha alucinada insistência.

Por isso de agora pra frente eu preciso ir mais devagar. E diminuir a velocidade foi o que eu fiz, pois já não era capaz de continuar daquela forma. Agora eu entendi que preciso pegar leve. Preciso ir com calma em tudo o que faço, pois qualquer coisa que eu faça com exagero pode significar o fim de minha mente que debilitou-se por culpa de meu desvario. Ela merece isso. Merece que eu dispense a ela um pouquinho dos cuidados que neguei durante tanto tempo, e que agora já sinto os resultados em meu corpo.

Mas em toda luz há também escuridão, nem tudo são flores, nem tudo são amores, e eis que o pêndulo do grande relógio do destino continua a bater, e com isso, o mundo continua a girar e as coisas, tanto as boas quanto as ruins, continuam a acontecer.

Escuridão.

No fundo da minha alma eu ainda escuto aquela fera que habita dentro de mim. O pavor, o desespero ainda quer sair, quer se libertar.

Dentro de mim ainda há algo que anseia pela dor, pela desesperança, pela morte. Mesmo que lute contra isso eu ainda desejo o medo, eu quero desesperança, eu quero voltar ao nada. 

E então minha consciência se tornou o campo de batalha de dois dragões. Um deles quer a vida, quer continuar a lutar e a crescer. O outro quer desistir, quer morrer. E eu não sei qual dos dois tem ao certo poder sobre mim. Ora é um, ora é outro. Mas ainda há sombra e trevas dentro de mim. Não há como negar essa realidade e fazer isso seria outro erro, dessa vez fatal.

Passei então a me policiar mais, evitar ocasiões em que o dragão negro possa ficar mais forte, fazendo com que eu tome alguma decisão precipitada. 

Busquei mudar minha forma de viver. A partir de agora, como tudo se tornou cansativo e perigoso, eu tenho buscado me refugiar em algum campo, ou porto seguro, onde mesmo passando por fortes tempestades, consiga sobreviver. 

Sobreviver...

Nunca me agarrei a uma palavra tanto quanto a esta. Antes estava preso a palavra "Amor" mas acho que já vimos bem onde isso me levou. Agora preciso apenas sobreviver. Continuar a viver, sem permitir mergulhar novamente naquele oceano em que estava. 

Quem sabe se continuar a lutar eu consiga voltar a voar para aquele céu estrelado com que um dia eu tanto sonhei...

Preciso continuar a viver. 

Preciso continuar a existir. 

Preciso continuar a ter esperança!

Esperança!

Créditos na Imagem

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