quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Preguiça

Orgulho

Gula

Luxúria

Ganância

Ira

Inveja

Preguiça


"A Igreja Católica apresenta a preguiça como um dos sete pecados capitais, caracterizado pela pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem. Do latim prigritia."¹

A preguiça é  comumente vista como um pecado que não causa males. Geralmente atribuída apenas ao ócio, a preguiça é considerada mais "leve", do que os outros. No entanto, depois de conhecer mais a fundo esse pecado, percebi que ela é sim, tão horrível quanto qualquer um dos outros, não deixando nada a dever para a Ira, por exemplo.

Ela é vista (por mim) como um grande homem, forte e vigoroso, mas que se recusa a mover-se em qualquer direção. A preguiça é o pecado da comodidade, seja física ou espiritual, que nos impede de qualquer ação por conta do medo da reação que terá nossa movimentação.

Por conta dela os espirituais não conseguem evoluir, por acreditarem já estarem bem adiantados na fé e por isso não precisam mais evoluir. Qualquer coisa que vá além do seu habitual já é considerada um esforço demasiadamente grande demais para surtir qualquer efeito em troca, sendo portanto melhor, mais cômodo, mais agradável, permanecer onde se está.

Num primeiro momento, a preguiça pode ser vista como um pecado que induz a imobilidade, mas não o é de fato. A preguiça na verdade nos leva de volta ao ponto de partida, não para nos permitir um recomeço, mas apenas para ali nos acorrentar, nos impedir de caminhar e evoluir.

É o pecado da carne, da comodidade, da névoa, da corrente.

Ela inebria nossos sentidos com uma visão entorpecida de que continuar do jeito que está é melhor e com isso deixamos as oportunidades, as graças, passarem. E depois que começamos a perder, ela começa a se alimentar daquilo que já havíamos conseguido. Se antes dormíamos oito horas, agora dormimos dez, e ainda achamos pouco. Com frequência ela domina seus servos de tal modo que eles morrem de fome por não mais conseguirem se levantar. É o que ela faz a todos que a ela se entregam.

Visualmente menos mortal do que a ira, ou a luxúria, por exemplo, mas tão devastadora quanto elas, por ser silenciosa. É com efeito o mais silencioso dos pecados, pois mata vagarosamente sua presa. Mas não o menos cruel.

Assim, aquele grande homem controla uma névoa poderosa, que domina suas vítimas, impedindo as de se moverem, por não saberem mais onde estão, nem para onde se vão. Depois disso, ele as acorrenta, impedindo assim que ela saiam por ai, tateando as cegas. Quando finalmente conseguem se livrar dos efeitos entorpecedores da névoa, se vem aprisionados em grossas correntes, que os torna incapazes de se mover ou de darem qualquer passo que seja.

Já não conseguem mais andar ou comer aqueles que foram capturados pela preguiça. Se tornaram seus escravos. E se tentam escapar de suas grossas correntes, são por elas grossamente golpeados, e retornam ao desmaio de seus sentidos.

A preguiça avança silenciosamente por debaixo dos pés sem que ninguém note sua presença. É próprio dela agir sem que percebam, e quando percebem, já estão completamente dominados, não tendo mais chances de escapar.

A preguiça mina as forças, podendo seu alvo ser o mais forte ou o mais veloz dos homens, que mesmo assim, cairá antes seus pés adormecido, frágil e incapaz de voltar a lutar. É por isso um pecado de incapacidade.

Incapacidade...

Aqueles dominados por ela já não se sentem mais capazes de realizar nada. Apenas querem continuar deitados, esperando o momentos de suas mortes, aguardando o momento em que finalmente poderão descansar eternamente. É um pecado triste, pois olhamos o mundo e temos vontade de conhecê-lo, mas já não temos mais as forças necessárias para isso. Olhamos aqueles que se deixaram dominar e vemos que já não tem mais disposição para viverem. É triste.

Não tem mais força pois aquele gigantes as sugou para dentro de si, sendo assim incapaz de gerar novas forças por vontade própria.

Quando tentamos escapar, é que ela mostra sua verdadeira força. Aquele grande homem que esteve parado até agora se mostra terrivelmente forte, capaz de imobilizar mil leões de uma só vez. É também capaz de correr mais rápido que qualquer homem, pois aqueles que quase conseguem fugir são rapidamente capturados por ela e postos de volta a suas prisões.

É o pecado que aprisiona o homem dentro de si mesmo, transformando-o numa pedra. Sem vontade de viver, de divertir-se, de realizar. Apenas quer descansar, sem saber que na verdade caminha para uma morte lenta e cruel.

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Nota: 1. Fonte: Católico orante

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