E eis que dezembro finalmente deu-nos o ar de sua graça! Gostaria muito de escrever um super texto pra comemorar a chegada do último mês do ano mas... Pois é. A crise criativa do garoto continua.
Pessoas normais buscariam na criatividade algum assunto que pudesse fluir naturalmente pela escrita e tudo mais, só que eu não sou uma pessoa normal, nem perto disso, então esse vai ser mais um daqueles manifestos do pensamento que provavelmente vai levantar mais dúvidas do que respostas ao final de tudo.
Os últimos dias tem sido para mim de uma profunda revisão de vida. Tenho feito algumas escolhas que, espero eu, mudarão a forma que eu tenho hoje de encarar os problemas que tenho. Os que eu criei dentro de mim mesmo e os que a vida me dá gratuitamente.
Acontece que eu tenho me dado conta, aos pouquinhos, que na verdade a minha imaturidade é quem tem ditado as regras do meu jogo, quando eu acreditava ser a razão que o fazia. Mas querendo ou não a dor ensina, e mesmo usando de uma pedagogia deveras brutal, suas lições costumam se gravar profundamente em nossa pele.
Se daqui uns 5 anos eu for parar para ler o que escrevi nos últimos meses é bem provável que a imaturidade que transcorre por cada uma dessas linhas me deixem profundamente envergonhado. Isso sem falar da pobreza de vocabulário e inexperiência literária absurdas, mas isso já é caso pra uma conversa de bar ou para uma consulta no psícólogo. Psicólogo esse que aliás teria grandes problemas em preencher um laudo meu. Já pude notar indícios de retorno de depressão, ansiedade e mais uma porção de coisas que se fazem desnecessárias de comentar aqui. Mas não é sobre isso que eu quero falar.
O fato é: Eu estou crescendo!
Eu estou mudando e não conseguia perceber isso. Eu estou a cada dia amadurecendo, ao menos um pouco, e ainda assim acreditava que estava parado num mesmo lugar. Acontece que isso tudo foi um período de escuridão, realmente. Um período de difícil compreensão mas que é necessário a todo e qualquer sofrimento e aprendizado. Talvez meu desespero tenha sido tão grande devido ao fato de ter isdo muito próximo a uma período de iguais complicações.
Passei por uma grande noite escura, por assim dizer, muito embora eu saiba bem que a noite escura é um fenômeno bem diferente, mas faço aqui apenas uma alusão à purificação que ela provoca nos sentidos e no espírito.
Purificação.
Acho que não há melhor palavra para definir o momento em que me encontro. Estou sendo purificado. Estou me despindo de antigos conceitos que tomei como sendo verdadeiros para minha vida e me afinando mais com os conceitos que acredito serão capazes de romper com essas minhas concepções erradas.
Mas como tenho certeza de que o que estarei fazendo é o certo? Não tenho.
Na verdade eu nunca tive certeza de nada, e acho que isso é mais do que uma caracteristica minha, é uma caracteristica da minha atual fase de vida, a juventude, pois não é exclusividade minha andar por aí trombando com conceitos e opiniões que mudam a cada piscar de olhos.
Continuando nessa linha de raciocínio, há ainda uma linha muito tênue entre a loucura e a lucidez. Tão tênue que muitas vezes não conseguimos distinguir qual delas tem controle sobre nossa vida. Agora mesmo, posso julgar estar lúcido quando na verdade estou louco, pois não sei se as palavras que estão em minha mente são as mesmas que se imprimem nessa tela de computador ou se estou escrevendo com base no que estou pensando ou se é apenas efeito do rivotril que tomei mais cedo e do vinho que estou tomando agora.
Mas de uma coisa eu tenho a quase totalidade da certeza: Já não sou o mesmo de ontem, e certamente amanhã não serei o mesmo de hoje. E isso é algo bom? Não sei, mas é algo que eu preciso aceitar e compreender que, embora pareça, eu não estou parado no tempo, sem evoluir em nenhum aspecto.
Claro, até determinado ponto eu posso estar apenas buscando uma forma de me sentir melhor comigo mesmo e por isso inventando formas de explicar de uma maneira bela que tenho crescido e amadurecido quando na verdade eu tenho apenas me escondido atrás dessa perpectiva com medo de encarar a verdade da minha imaturidade. Mas essa observação também só pôde ser feita com base num amadurecimento, então isso pode significar que eu mergulhei fundo num oceano de águas que têm me purificado, embora num primeiro momento eu possa ter pensado que na verdade estava me afogando.
Acontece que eu não estou em busca de certezas. Nunca estive. Eu sempre busquei amor, eu sempre busquei fé, conhecimento também, mas certezas não. E nessa minha busca por conhecimento, autoconhecimento, amor e fé eu acabei por confundido completamente algumas coisas e por isso fiquei da forma que estou, ou estava, não sei bem. Não me arrisco a dizer que esse momento passou. Talvez ainda não esteja completamente livre dessa purificação e amanhã torne a cair naquele abismo de aflições constantes, mas uma certeza eu acredito ter: já não passarei por ela sendo tão fraco quanto antes.
Bom começar dezembro pensando nisso. Espero, durante esse mês que hoje se inicia, conseguir a cada dia pensar em algo que preciso mudar em mim e também nas escolhas que fiz, as boas e as ruins, e assim conseguir crescer e amadurecer um pouquinho que seja, e começar o novo ano como uma pessoa melhor, não digo uma pessoa nova, mas se conseguir ser amanhã um pouco melhor do que fui hoje já estarei bem satisfeito.
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