A chuva cai forte, batendo violentamente contra as janelas e o chão, é um som gostoso, uma sinfonia da natureza em que o próprio Deus é o maestro. A noite já vem se anunciando, com um cortejo que hoje conta com a trilha sonora da chuva. O Sol já se escondeu, encerrando seu expediente por hoje, reinará glorioso mais uma vez amanhã.
Gosto disso, gosto como a chuva abafa os demais sons. As vezes, quando estou só, gosto de gritar na chuva, pois sei que minha voz será abafada também, e isso é libertador.
Dizem que a chuva lava a alma, não sei se é verdade, mas a sensação é boa, realmente é como se fôssemos lavados de algo. Claro que alguém com a saúde tão debilitada assim não pode ficar se dando o luxo de andar por aí tomando chuva, então num dia como esses eu só coloco uma cadeira perto da janela, abro um pouquinho pra sentir a brisa fria que entra no ambiente e com um livro, ou uma musica baixinha, eu aproveito o momento. Um dos poucos prazeres da vida, e simples. Se tiver um vinho ou um chocolate, melhor ainda, mas isso é detalhe, o importante é ouvir essa musica única.
Claro, também é quase impossível não permitir que a mente se liberte e comece a vagar para longe, imaginando se bem distante de nós mais alguém também escuta o som da chuva... Será que a chuva também faz com que alguém pense em mim? Talvez ela também tenha esse tipo de poder sobre o amado... Isso seria bom, me faria feliz se fosse verdade, mas acho que não é bem assim... Talvez para ele, a chuva seja só a chuva, quem sabe até incômoda, sem nenhum significado por trás, sem nenhuma relação com a minha imagem...
Talvez as poesias só façam sentido para quem abre o livro para ler, e talvez a musica da chuva, a musica dos amantes sonhadores, só faça sentido para quem a escute com atenção. E eu o faço, eu a escuto com atenção, e permito que ela guie meu coração, até a imagem sonhadora do meu amado...
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