Responsabilidade definitivamente não é pra todos. Só se é
responsável com aquilo que se preza, e só se preza aquilo que de uma forma ou
de outra é importante para nós, seja porque a falta de tal coisa nos causaria
desconforto ou porque amamos tal coisa que para nós se torna impossível tratar
a mesma com desdém.
Cheguei portanto a conclusão que é impossível ensinar alguém
a ser responsável com algo que não se ama ou não se preza. É um desperdício de
tempo e paciência, e nos dias de hoje essas coisas são valiosas para serem
desperdiçadas com pessoas vazias demais para compreender esses conceitos.
Conceitos
Além de responsabilidade, creio que também somos incapazes
de fazer o outro compreender o que sentimos, ao menos completamente.
Sentimentos como amizade, carinho, afeto, atenção, são todos
abstratos e pessoais demais para conseguirmos fazer o outro compreender a
definição que temos de tais coisas.
Impossível uma pessoa vazia compreender um apaixonado de
seus sentimentos. Impossível essa mesma pessoa compreender o amor e a dedicação
que temos para com aquilo que amamos. E isso se aplica as mais variadas esferas
de nossa vida.
Vejo ao meu redor e percebo pessoas incapazes de compreender
o amor que sinto. Vejo ainda pessoas me tratarem como se a forma que eu amo
fosse completamente absurda para os padrões atuais que a maiorias das pessoas
tem sobre essas coisas. Mas ai eu me pergunto? O absurdo está na forma como eu
vejo o mundo e as relações entre as pessoas que nele vivem, ou absurda é a
forma como o mundo passou a conceber essas mesmas relações?
Desculpem-me os partidários da política do desapego que
ditam que o melhor é não sentir nada. Os humanos são criaturas sentimentais, e
a beleza dos sentimentos está na sua intensidade. Qual seria a graça de uma amizade
morna, de um amor morno? Logo, se os homens são seres sentimentais, deixar de
possuir esses mesmos sentimentos seria o mesmo que deixar de viver. Ora, não
nos reduzimos muitas vezes a pessoas que apenas levam uma existência vazia
demais para ser chamada de vida?
E essas pessoas, estamos assim tão distantes uns dos outros,
sentimentais e não sentimentais, que nunca conseguiremos alcançar uns aos
outros?
Percebo isso ao ver que muitas vezes nos derramamos demais,
nos dedicamos demais, a pessoas que são incapazes de retornar ou até mesmo de
compreender o que sentimos, o que queremos e o que amamos. Por mais que a gente
diga "eu te amo" ou até mesmo que através de atos demonstremos esse
amor, é o mesmo como se estívessemo derramandoa água num jarro partido. Mas se
é assim que funcionam nossas relações, o problema não está em quem se derrama,
mas em quem é incapaz de conter.
Me recuso a acreditar que o erro está em sentir demais. O
mundo é que não sente mais nada, e não sentindo quer que todos os outros também
deixem de sentir.
Somos uma raça em extinção.
Quem muito ama, quem muito sente é visto como estranho, é
sempre incompreendido e classificado como alguém que tem apego ao sofrimento,
quando na verdade só nos recusamos a aceitar que a alegria do homem está no
sufocar aquilo que quem nasce naturalmente do nosso âmago.
Mas continuo na busca, aliás, já encontrei algumas pessoas
que também sentem demais, que pensam demais, e que às vezes sofrem demais, mas
ainda precisamos nos reunir, reunir todos aquelas pessoas que nesse mundo de
insensíveis ainda insiste em amar e sentir demais, pois somos a única salvação
para este mundo que cada vez mais se torna triste, vazio e cinza!
Só quem ama consegue entender então o que é amizade, o que é
companheirismo, o que é confiança, o que é afeto, o que é responsabilidade.
Apaixonados de todo o mundo, uní-vos!
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