Acredito que controlar o fluxo de pensamentos indesejáveis
seja um problema comum a todas as pessoas, ou pelo menos seja para a maioria
delas. Dizem que pessoas inteligentes pensam demais, e isso nem sempre é uma
coisa boa. No meu caso fui duplamente agraciado: não sou inteligente mas em
compensação o fluxo de pensamentos que diariamente me constrange é absurdo.
Costumo passar muito tempo deitado, tenho muito tempo
ocioso, e isso claro é uma abertura que eu mesmo dou para que esses pensamentos
me paralisem, mas acredite quando digo que se não tivesse todo esse tempo para
pensar, seria ainda pior. Acontece que quando estou muito ocupado, esse fluxo
de pensamentos não diminui, mas como eu estou preocupado em fazer outras coisas
também eu não consigo simplesmente ignorá-los, mas eles me paralisam justamente
numa tentativa desesperada de se libertarem.
São pensamentos de todo tipo os que me dominam...
Questionamentos
Tenho constantemente muitas perguntas em meu coração... Será
que ele me ama? Por que ele não me ama? Será que eu estou fazendo as coisas da
maneira certa? Será que eu não deveria mudar tudo o que sou e começar a fazer
tudo diferente, a viver diferente? Se sim, diferente como? Se não, continuar
assim vai me levar a felicidade?
Essas perguntas me tiram o sono, me incomodam profundamente,
mas quanto mais penso em cada uma delas, menos respostas eu consigo obter. E
isso é frustrante, frustrante pois parece que eu fico andando em círculos nas
mãos de alguém que está brincando comigo e com meus sentimentos, e talvez essas
perguntas não tenham mesmo uma resposta, e eu só esteja pensando nelas a toa.
Eu penso no homem que amo. No homem que amei. No homem que
começo a amar. Todos eles me marcam de uma forma ou de outra, cada um com uma característica
diferente, mas com uma coisa em comum: todos despertam em mim algum sentimento
especial.
O primeiro eu amo simplesmente por ser quem é. O segundo eu
amei por me mostrar um pouco do que pode ser a felicidade, deixou marcas
profundas em mim. O último aos poucos vem conquistando espaço em meu coração,
mesmo contra minha vontade, e tem me atraído aos poucos para um campo mais
sóbrio do relacionamento, mesmo que eu não queira nada do tipo pelos próximos
tempos.
E tudo isso me tira o sono, me dói o estômago, me suga as
forças e o ar. Se for para viver assim, será impossível para mim continuar. O
que nos leva ao segundo pensamento:
Morte
Minha morbidez tem se acentuado muito nos últimos meses. Uma
pessoa que sempre tratou a vida como o maior bem que alguém poderia possuir
agora pensa na morte como uma forma de fuga para as perguntas sem respostas que
tanto lhe pesam nas costas.
Se tornou normal para mim pensar que a morte possa ser uma
solução para todas as dúvidas e as dores que agora eu preciso suportar. No
entanto a covardia que habita em mim me impediu de cometer qualquer atentado
que seja contra minha própria vida. Mas esses pensamentos estão lá, todos os
dias, principalmente quando no escuro eu fico sozinho. Eles brotam do meu
interior como a água de uma nascente e aos poucos vão dominando meu corpo,
mergulhando minha alma numa estranha sensação de letargia. Quando isso acontece
dificilmente eu consigo fazer algo naquele dia, tudo acaba se perdendo em meio
a uma névoa densa que me leva a continuar pensando e pensando cada vez mais a morte
não como algo ruim, mas como uma velha amiga que há muito eu já espero.
Sei que o ponto de partida para esses pensamentos é a
solidão. Solidão essa as vezes autoinfligida, as vezes não. O fato é que me sinto
só, sem amor, sem ser importante, e por isso esses pensamentos surgem como
forma de tentar escapar dessa realidade.
As vezes digo bobagens, e deixo que percebam que isso se
passa na minha cabeça, como quando transformo simples conversas no WhatsApp em
momentos piegas e constrangedores. Faço isso com certa frequência. Declarações
exageradas, pensamentos que deveriam ser reprimidos e que causam no outro estranheza,
pensamentos que me tornam uma pessoa estranha, de difícil convivência, o que
explica boa parte dessa solidão.
Mas por enquanto continuo perdido nessa selva, sem saber
para onde ir nem o que fazer ao certo. Sem rumo, sem prumo, tendo apenas como
guia o meu amor, em busca de uma luz, que possa me levar até algum lugar onde
viver seja menos doloroso.
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