quarta-feira, 1 de junho de 2016

Das cartas que nunca serão enviadas #2


Não estranhe por favor, mas essa é uma carta que eu sinceramente espero que você leia... Sei que tem motivo suficiente pra não dar mais bola pras minhas neuras e que nosso "lance" já está bem resolvido. Mas ainda assim, entenda que eu só preciso me livrar disso e seguir em frente.

Acho que nos conhecemos já há uns 3 ou 4 anos. Me lembro de ter conhecido você num ensaio do finado Coral em que eu cantava e que você um dia veio assitir ao ensaio. Como você é parente de uma conhecida de infância, ver você nas férias se tornou frequente. Naquele primeiro ano mesmo, me recordo de vermos filme até tarde da noite na minha casa com todos. 

Simples e divertido. As duas palavas que sempre definiram você pra mim. 

Te conheci esse cara tranquilão, simpático e sorridente que tu ainda é; Pele dourada e olhos claros e cara, que olhos lindos! Você me encantou desde a primeira vez. Provavelmente saber disso te asuste, mas é verdade. Claro, como você ainda era muito novo, tive de me conter. Mas algumas pessoas notaram, comentaram, o quanto eu ficava diferente perto de você. Me alertaram. 

Bom, os anos se passaram. Posso dizer que nossa amizade se consolidou. Eu tinha um amigo em quem confiar, podia faalr bobagem e ficar de boa. As férias eram bem divertidas porque eu sabia que ia ver você. 

Como era de se esperar, uma nuvem escura começou a ameaçar essa clara felicidade. 

Minha carência afetiva não é segredo pra ninguém que tenha conversado mais de 15 minutos comigo. E minha quedinha por rapazes um pouco mais novos igualmente conhecida.  Até por você.

Nesses anos, um sentimento forte foi crescendo em mim. Justamente por esse garotinho de olhos brilhantes que vinha visitar a família nas férias e que eu queria roubar só pra mim. Esse garotinho que eu vi crescer de um semestre pro outro. A voz engrossar, o corpo se formar. Enfim. Esse garotinho que vi mudar.

Chegamos a um nivel de intimidade muito bom para uma amizade. Tinhamos segurança de conversr sobre tudo, e brincar com tudo. Claro, eu precisava arranjar um jeito de estragar isso.

Resolvi então contar do que eu sentia por você. Falei deste amor platônico que alimentei e fiz crescer por todos esses anos. Um amor que era puro e cristalino como seu olhar. Mas você não me dispensou como os outros. Pelo menos não de primeira. E torno a te dizer isso; você não me afastou. Sim, você me deu fortes motivos pra acreditar que tinha chance. E chancer reais. Mas então, quando fui mais incisivo, ai sim fui dispensado. 

Não sei se te assustei. Não sei se a conversa que tivemos logo após me declarar foi apenas fruto da sua delicadeza em não me magoar ou se pode ter sido fruto de uma confusão sua. Ou minha. Só sei que eu alimentei violentas esperanças que, como era de se esperar, foram lançadas ao fogo e jogadas ao ar para se dispersarem como cinzas.

Nossa amizade mudou desde então. Claro, sorrimos muito todas vezes que nos encontramos. As vezes ainda conversamos um pouco. E agora que se mudou para uma cidade mais próxima, suas visitas não se resumem as férias. Tinha tudo para continuar aproveitando COM você se não tivesse feito a nossa amizade o grandiosíssimo favor de estragar tudo. As vezes somos grossos um com o outro. Nos ignoramos. Voltamos a conversar. Tento recuperar mas de algum modo sempre acabo fracassando. Acredito que nossa amizade fora uma belo vaso que fomos moldando juntos através dos anos, mas que eu deliberadamente num rompante de fúria lancei ao chão frio e hoje tento remendar.

Talves seja melhor construirmos outro vaso. Se você assim quiser. Se minha amizade foi importante pra você como a sua foi para mim. 

Sinto por ter destruido isso. Espero que você construa amizades fortes e verdadeiras, que não alimentem por você interesses que vão além do fraternal.

Ainda que nada volte a ser como era antes, saiba que foi bom te amar. Foi bom te abraçar e te tocar. Foi bom ter sido seu amigo.

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