quarta-feira, 29 de junho de 2016

O veneno do sangue


"Admiro gente que trabalha bem... que diz que vem amanhã e vem, que daqui estou ai e logo em seguida chega. Que não falta, que não engana, nem mente pra gente. Ah... como admiro gente assim... Ah... como é difícil encontrar gente assim..."

Como sempre, post inspirador que achei pelo Face. Não achei o autor, mas ainda assim achei bom começar com ele nessta tarde ensolarada de quarta. 

Estou pensativo nos últimos dias a respeito de conceitos como amizade, lealdade e afinidade. Coisas importantes pra mim mas que aparentemente eu não entendo da forma correta, já que parece que não sou capaz de manter as pessoas por perto por um tempo prolongado, e elas sempre acabam por se afastar. 

Pessoalmente eu sou sempre muito intenso em todo relacionamento que tenho, seja de amizade ou de qualquer outro tipo. Por esse motivo, eu não tenho condições de manter muitos desses ao mesmo tempo, o que acaba resultando em poucas amizades. Mas a essas poucas eu costumo me dedicar com o que posso. Sou o tipo de amigo que pede pros outros irem buscar tarde da noite porque estão bêbados demais pra coltar pra casa. Sou do tipo que não vê problema em ficar até as 3h da manhã conversando sobre as dificuldades dos outros, e mesmo não tendo como ajudar com conselhos ou de outra forma, ainda faço o que estiver ao meu alcance. Penso que somos seres que precisam uns dos outros pra conseguir viver. Não sou grande, nem forte, nem muito inteligente, então sei bem o quanto é complicado depender dos outros pra quase tudo. Por essa razão, sei o quanto é bom ter com quem contar nos momentos de dificuldade, onde as próprias forças são insuficientes.

Infelizmente, a memória das pessoas costuma ser demasiado curta nessas situações. E como disse o sábio Pe. Zezinho, "As pessoas esquecem os próprios erros facilmente. Aprendem novos erros facilmente, mas dificilmente esquecem os erros dos outros."E assim também fazem com os amigos, rapidamente se esquecem do antigos e logo os substitui por outros que são mais convenientes. Isso é até compreensível quando você parte do pressuposto que o homem também é um ser interesseiro, e quando uma pessoa te oferece uma segurança maior, é normal que a troca aconteça.

Claro, não deveria ser assim, mas é. Penso que deveríamos nos aproximar das pessoas, e permanecer ou não com elas, pelo que elas são, e não pelo que podem oferecer a nós. 

Dito isso, eu parto pra segunda parte desse pensamento de hoje, imaginando dos motivos prováveis pelos quais as pessoas se afastaram e se afastam uns dos outros. Isso tem me ferido muito ultimamente pois, da mesma forma como me reaproximei de antigas amizades que eram importantes pra mim, eu também me afastei de outras que eram igualmente importantes. principalmente no que se refere aquela pessoa que de uma amizade evoluiu pra algo mais e que agora, por mais que eu tente, não passa mais de um simples contato na minha agenda. As conversas que antes iam madrugada a dentro, agora não passam de mensagem truncadas e irritadiças, muitas vezes enviadas por educação, sem o menor sentimento pela amizade que um dia disse existir. E a essas coisas eu realmente dou muito mais valor do que a outras. Acredito que a fidelidade na amizade é algo que deva ser cultivado dia após dia, e requer esforço, assim como num relacionamento amoroso, do qual, na minha opinião, a amizade não se difere muito.

Com relação a mim, eu entendo que as pessoas tenham certa dificuldade em em aguentar devido aos meus frequentes surtos psicóticos. Realmente, se eu pudesse escolher, provavelmente não seria meu amigo. 

Passo com frequencia por períodos complicados de alteração de humor e carência, reflexo de uma repressão contínua que me submeti muito tempo atrás e que hoje tento evitar tanto quanto possível, a fim de diminuir que aconteçam. Durante esses momentos, fico num estado emocional muito instável e sensível a todo tipo de ataque, o que se reflete em constantes paranóias da minha parte questionando atitudes que pros outros soam como completamente normais. Em outras palavras, se as pessoas não correspondem as minhas neuras, eu surto. Caso óbvio de uma pessoa que precisa de tratamento psicológico sério. Mas simplesmente nesses momentos eu não consigo aceitar que nem todo mundo tenha a capacidade mental de mandar poeminha de bom dia toda hora. Claro, isso é coisa de gente doente, mas não entra na minha cabecinha problemática de jeito algum. Logo, eu não posso exigir que as pessoas tenham comigo a mesma paciência e dedicação que eu tenho, isso seria injusto, já que a dificuldade que eu imponho é deveras pesada demais pra qualquer um. Mas não deixa de ser um fardo e tanto a se carregar. 

Me recordo nesse momento de Albáfica, da obra de Masashi Kishimoto, o belo e poderoso guerreiro que tinha no sangue um poderoso veneno, que matava a todos que se aproximassem dele, e que por esse motivo, se retraiu e se afastou de todos quanto ele amava justamente para evitar que se machucassem com seu próprio veneno. Mas mesmo longe de todos que ele amava, ele lutava para protegê-los e foi capaz de morrer para proteger o que era importante para ele. Ou seja, seu afastamento não foi apenas um atitude egoista, mas sim, altruista. Imagino que talvez eu devesse agir da mesma forma, e impedir que os outros de machuquem com o meu veneno. Visão um tanto quanto romantizada, mas que me parece ser a única plausível, dadas as circusntâncias. Me recordo bem que um amigo meu se afastou de todos a um tempo atrás com esse mesmo discurso, e que na ocasião eu discordei dele taxativamente, ironicamente eu agora faço a mesma coisa.

Bom, parece que a roda da fortuna girou mais uma vez...

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