segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A cegueira das cores

Dias de chuva são quase que um convite do universo a reflexão... Para mim é quase automático parar para pensar  na vida, e como hoje ta fazendo um friozinho gostoso, sentei um pouco depois de passar o dia distribuindo alguns currículos e resolvi pensar em algumas coisas, tentar organizar alguns pensamentos que já há alguns dias vem fazendo um certo barulho na minha cabeça... E eu me vi novamente pensando em significados.

Significados.

Fiquei me perguntando, qual o sentido para as coisas que acontecem a nossa volta? Tanto as coisas ruins quanto as boas... Tudo tem de ter um significado não é mesmo? Tudo precisa acontecer por um motivo, penso eu, e esse motivo é o que lhe dá significado, bem como suas causas e consequências. É assim desde as pequenas coisas da vida, como decidir comprar um doce ou se apaixonar por alguém. Tudo precisa ser um significado...

Mas hoje tudo, ou ao menos as coisas ao meu redor, parecem tão vazias de significado. As vezes, ou melhor, quase sempre me sinto como se vivesse num mundo vazio de tudo, onde apenas eu fosse capaz de sentir, mas como o mundo já não possui mais nada, apenas sentia esse vazio. É como se no mundo, todos fosse cegos, e apenas eu fosse capaz de enxergar as cores, mas quando abro os olhos vejo que num mundo inde todos são cegos, não há cor, tudo é de um tom cinza triste, sem vida e nem significado, ou talvez a tristeza seja seu único significado.

As pessoas que rodeiam parecem não pensar nisso, ou se pensam não se deixam abater com essas coisas, mas comigo é diferente, pois as respostas dessas perguntas são essenciais para a minha felicidade. É como se eu precisasse disso para viver e ser feliz. Por isso agora eu digo que não estou mais vivo, estou morto, apenas continuo existindo como uma casca vazia, se vida e nem significados. Como um jarro, buscando com o que preencher-se. As vezes com água, as vezes com lama, mas sempre em busca de algo para preencher o meu vazio. 

Por isso não sei afirmar ao certo se o que está vazio é o mundo, ou se sou eu... 

Quando sinto que as pessoas não sabem mais amar, penso que o mundo se esvaziou desse amor. No entanto ao mesmo tempo eu me volto para o meu interior e penso que, talvez eu tenha me machucado no meu passado, e por isso me esqueci do verdadeiro significado do amor, e me esquecendo do amor, e depois que me esvaziei, no vazio me angustiei e passei a duvidar de tudo. De certo, quando eu estava cego pelas cores do mundo e do amor, não questionava nada do que acontecia ao meu redor. Tudo estava bem, tudo estava colorido. Mas eu na verdade estava apenas contente por ser capaz de ver tão belas cores, mas cegado por elas eu fechei os olhos para a realidade, e quando as cores se foram, o tom cinza e frio me assustou. Eu dei de cara com o dia de ira, aquele dia, que volverá o mundo em cinza fria, mas não estava preparado para encará-lo. Por isso as cores me cegaram!

Depois, quando pude voltar a vislumbrar o oceano de cores e sabores que se escondia no horizonte eu fui capaz de voltar a acreditar no amor e no seu significado, mas não fui capaz de senti-lo novamente, e sinceramente não sei se um dia serei capaz de sentir aquilo de novo. As cores cegam pois hipnotizam e nos atraem cada vez mais para a sua fonte. Mas ninguém é capaz de ver e sentir tanta coisa, por isso quanto mais eu me aproximava das cores, mais queria senti-las e mais eu me cegava com elas. 

Agora eu penso que devo encontrar uma forma de alcançar um equilíbrio entre a cegueira e o ofuscar que as cores que me deram. Cores demais ofuscam, nenhuma cor entristece. 

Nesta ilha em que eu estou não consigo ver aqui nenhuma cor. No horizonte se encontra aquele mundo de cores e luz que me ofuscou e me cegou. No entanto, em algum lugar entre este e aquele mundo, deve haver algum lugar onde eu posso viver sem precisar estar aqui ou lá. Este lugar é o lugar da sobriedade de vida, o lugar onde eu não fique cego por conta dos meus sentimentos, embora ainda os sinta, e também onde não me angustie apenas com o vazio de tudo. 

Equilíbrio.

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