sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Fio de esperança

Eu me derramei inteiramente no chão. Eu entreguei completamente a ti o meu coração, mas você não o reteve consigo, pelo contrário, permitiu que ele saísse voando por aí sem destino. E ele não voltou, perdeu-se pelo mundo, já não sei mais onde posso encontrá-lo, talvez esteja perdido para todo o sempre.

Por você eu me fiz amor, eu me fiz canção, eu me fiz poesia. Mas você não apreciou a arte que nasceu do meu coração. Você apagou a chama do amor, abaixou a canção e rasgou a poesia. Nenhuma dessas formas de demonstrar meu amor foram suficientes para alcançar o seu coração. Para mim ele continuou fechado, duro e frio. 

E eu continuo em busca daquele amor que me foi prometido. Aquele que dizem juntar todos os pedaços partidos do coração ferido. Esse é o amor que eu busco. 

O mundo chama coisas como desejo e sexo de amor. Não posso dizer que o amor tenha em si mesmo essas coisas, mas ele é bem mais do que isso. Eu busco um amor que se sente comigo embaixo de uma arvore e que fique horas e horas conversando comigo sobre qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Falemos sobre nossas desilusões políticas, sobre nossos gostos musicais, ou ate mesmo sobre a roupa estranha da senhora que acaba de passar. 

Quando disse que me amava, disse que era o amor que os amigos sentem uns pelos outros, e no entanto até isso parece ter morrido. Se eu não puxo conversa não há diálogo, se eu o faço, recebo respostas curtas e frias, preciso alimentar sozinho toda a conversa, e isso não é amizade, é piedade. Se vejo algo que toca meu coração, gosto de enviar aqueles que amo. Se te mando uma musica ou uma poesia, ou uma frase que seja, é porque há nela algo que traduza o que se passa em meu coração. Não o faria se não brotasse do mais íntimo do meu ser, mas você nunca deu importância para nada disso, nem sequer dignou-se a responder na maioria das vezes. E ignorar a poesia de um poeta é ignorar seu próprio coração, seu próprio amor. É como dar-lhe um tiro a queima roupa, como golpeá-lo no peito, impiedosamente. 

Eu buscava em você um amor, você disse que não poderia ser mais do que amigo, pois bem, seja esse amigo! Mas seja o amigo que quando tudo parecer perdido, vai me oferecer um sorriso, e eu retribuirei. Seja o amigo que fica ao meu lado quando as coisas se complicarem, e não aquele que simplesmente esquece um pedido de horas atrás, mas recorda-se de um convite feito por outra meses atrás. Seja esse amigo, seja de verdade um amigo, pois amizade supõe também amor verdadeiro, mas ao que parece, apenas um de nós tem amado, e quando isso acontece, o único final possível é a morte dessa amizade, já que ela é nutrida pelo amor e sem amor não há nada!

E mesmo assim eu já me preparo para o dia do derradeiro golpe final. Para o dia em que finalmente me transpassará com uma lança e que destruindo inteiramente o meu coração você tomará a decisão firme de ser feliz sem mim. Nesse dia eu não sei o que serei capaz de fazer, mas acredito sinceramente que não conseguirei mais insistir com essa vida se assim for. Não há motivos para viver sem você, e o que tem me mantido de pé é pura e simplesmente o pequeno fio dourado da esperança que há em mim de que um dia você poderá ainda me amar. Mas se antes desse dia eu for obrigado a ver-te sendo tocado e possuído por outra pessoa, já não serei capaz de continuar a viver, e penso que nesse dia darei um fim a essa existência tão miserável. Naquele dia da ira, tudo isso terá um fim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário