domingo, 8 de janeiro de 2017

Ser diferente

Textinho simplesmente ma-ra-vi-lho-so que eu encontrei na internet:

‘NÃO SE CUREM ALÉM DA CONTA. GENTE CURADA DEMAIS É GENTE CHATA’

Deus me livre de ser normal. Cruz credo, Ave Maria três vezes. Ah não, número ímpar, empata a vida. Pé direito, pé esquerdo. Bate na madeira. Pula! Não pisa na linha. Desvira o chinelo, se não sua mãe vai morrer. É, não tem jeito, a gente se deixa dizer por aí. Não há sintoma que aguente ser prisioneiro em nosso inconsciente. A gente sai na palavra trocada, sai desastrado derrubando as coisas no chão. Sai nos tropicões pelas quinas da casa. A gente se confunde e se entende no sim, no não, no é, não é, talvez. Nem sei. Deixa pra lá! A gente se esquece nos objetos largados pra trás. O que fica é um pedaço nosso no lugar de onde não queríamos ter saído. A gente sai também nos desvarios que sonhamos, na capacidade de imaginar, no alcance dos nossos pensamentos. Se há revolução, podemos sim ser Napoleão, pra tirar sarro do desespero. Se tentam nos consertar, podemos convocar Dorothy Gale, curiosa, contestadora — afinal, pra que serve um coração? Se tentam amarrar nossos pensamentos, podemos ser Peter Pan. Pensa numa coisa boa que a gente voa. Pensa numa coisa boa. Pensa! E voa mesmo. Eu já vi muita gente voar pensando.

Então olha, não se cure além da conta, já dizia a psiquiatra Nise da Silveira, gente curada demais é gente chata. Gente muito curada é exatamente o que os outros querem que ela seja. Ela é todo mundo, menos ela. É absolutamente, perfeitamente normal.

— Ei, alguém aí pode, por favor, nos curar dessa ideia maluca de sermos normais?

Ora, não se cure de alguns exageros, principalmente o de amar. Não se cure daquele desejo esperançoso de felicidade. Pra que curar saudade boa? Não se cure de todas as manias, de todos os medos, de todos os tiques. Não se cure além da conta. Somos todo esse barro amassado, constituído na falta, entre o feito-desfeito. Somos a casa erguida a partir daquilo que nós decidimos fazer do que fizeram conosco. Remendo a remendo, percebe-se que existe algo em nós tentando manter a casa em pé. Portanto, não se cure além da conta, não se cure tanto assim. A casa pode cair!

Não se cure de rir alto, de cantar alto, de sonhar alto. Não apare todas suas arestas. Não apague todos os prejuízos. Não há necessidade de nos curarmos tanto de nós mesmos. Pra que tanto juízo? Pra que tanto conserto? Não se pinte além da conta, não se obrigue além da conta, além da vida. Mas sim, pague a conta por topar ser exatamente quem se é. Por que curar todos os pensamentos malvados, desvairados? Ninguém é todo deus ou todo diabo. Você pode parar de artificializar a felicidade se quiser, será que precisamos mesmo de todos esses remédios? O receituário dos dias é categórico: precisamos viver sem tanta contraindicação.

Se tiver que se curar, se cure da dúvida acerca da vida que leva e na qual não se reconhece. Essa é a dose anti-hipocrisia mais indicada à sobrevivência da espécie de gente feliz. Se cure até a medida de estar em paz, você com você. Nenhuma pílula a mais.

(Fonte: Revista Bula)

Não estou dizendo que já estou curado do que quer que seja, e muito menos dizendo que sou normal. Não sou normal, nem perto disso, mas quem foi que disse que não ser normal é algo ruim? Muito pelo contrário, EU ADORO NÃO SER NORMAL! 

As pessoas sempre vivem sob diversos padrões, não que isso seja ruim, mas o fazem de forma a perder aquela essência que as torna única. Costumo brincar com aquelas imagens da internet que mostram grupos de amigos. É só pegar um grupinho de meninas da idade média, ou de rapazes do subúrbio e da favela que veremos como cada um perde a identidade pessoal em função de uma subcultura de seu grupo social. É o famosos "verdadeiro significado de tanto faz."

Não quero me mostrar a favor de nenhum tipo de segregação social, mas eu gosto de ser diferente, e acho que o diferente dá um sabor a mais na vida de qualquer um. 

Se procuro meus amigos e pergunto a eles qual seu estilo de música favorito, a maioria esmagadora dos meninos vai responder que curte rock (aquelas bandas mais conhecidas no geral) ou algo nacional como sertanejo, rap ou funk. As meninas não são diferentes, a esmagadora maioria prefere um sertanejo, um rock para animar suas playlists. E nenhum problema há nisso. Há ainda um grupo que prefere o Pop, somente o Pop, nenhum problema também. Algumas exceções costumam ouvir de tudo, essas são as pessoas que mais admiro.

Mas acho que todas essas coisas conhecidas da maioria escondem em si na verdade um grande segredo: a beleza do desconhecido. Por isso eu sempre busco conhecer culturas que sejam bem contrastantes daquelas a que os brasileiros estão habituados. 

O louquinho aqui teve contato com a cultura japonesa anos atrás e foi maravilhoso! De cara já conheci dezenas de artistas e musicas. Minha vida se modificou completamente, nunca mais fui o mesmo. Eu ouvia aquelas musicas o dia inteiro, a todo momento, e foi maravilhoso. 

Mas as pessoas achavam estranho. "Não tem sertanejo?" Perguntavam os amigos quando eu colocava algo pra tocar fora do headphone. "Lá vem essas musica de doido" rebatiam os parentes também. Com isso eu fui me acostumando a me isolar na minha estranheza musical, que logo se tornou estranheza cultural. Aquelas musicas, aquelas pessoas, começaram a me influenciar, e quanto mais eu me afastava das pessoas de mente fechada, eu me aproximava de milhares de outras pessoas que tinham tanto a me ensinar.

Não me limitei ao universo japonês. Ainda fechado culturalmente, acreditava que a Ásia se resumia só a ele, e que não havia mais nada de interessante para aprender. Como eu estava enganado... Pouco tempo depois eu descobri a cultura coreana, e aí foi que minha mente se abriu de verdade. Descobri que, do outro lado do mundo, há literalmente um mundo novo que todo ignoram. 

A musica japonesa me levou a conhecer a musica coreana, essa me levou ao cinema e a TV coreana e japonesa, que também me deslumbrou e me deslumbra até hoje. Por sua vez, o mundo da cultura coreana me apresentou ao mundo do cinema chinês e tailandês, e depois aos seus respectivos cenários musicais. 

Sou brasileiro, amo as musicas de minha igreja católica, que me ensinam a rezar como fizeram tantos santos e santas. Ao mesmo tempo que continuo sendo apaixonado pelo cinema tailandês e a forma como ele delicadamente mostra ao mundo a beleza da diversidade sexual, bem como a música coreana me ensina a ser feliz, enquando a japonesa me ensina fortes lições. Há também na minha lista de musicas favoritas nomes russos e até filandeses. 

Tudo isso sem ao menos mencionar o outro mundo no qual eu vivo a mergulhar: o da musica erudita. Ironicamente foi o universo nipônico que, por meio de um anime, me ensinou a aproveitar a boa musica clássica. Hoje sou um fervoroso defensor dessa que pra mim é o ápice da criação humana.

Mas eu fico triste ao ver que tudo isso é ignorado por todos. Oh, como eles perdem tanta beleza em não querer apreciar tão grandiosas belezas. Se soubesse que suas vidas nunca mais seriam as mesmas depois de abrirem suas mentes...

Mas as coisas são assim, as mentes são sempre fechadas, e por conta disso não conseguimos apreciar o que o mundo nos oferece de belo... Lamentavelmente continuaremos fechados em nossos pequenos mundos, acreditando sempre que não há mais nada digno de nossa apreciação. 

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