domingo, 15 de janeiro de 2017

Ganância

Orgulho

Gula

Luxúria

Preguiça

Ira

Inveja

Ganância

O que dizer sobre um experiência que divide seu coração e sua alma com sentimentos tão contrastantes entre si que muito bem poderiam ser referentes a coisas completamente diferentes?

Como o Yin e o Yang, as forças opostas que vivem em harmonia, dentro de mim os sentimentos se encontram numa complexa dicotomia. Assim como quando o mal nasceu o bem já havia nascido, os dois vivem num eterna harmonia, pois um não destruiu ainda por completo a existência do outro, o eterno confronto pode ser considerado uma harmonia? Acho que em se tratando dos meus sentimentos sim!

Enquanto me sentia bem, como uma dos homens mais felizes do mundo, sem dúvida, por poder observar tão maravilhoso sorriso, por poder contemplar tão idílica beleza e por poder compartilhar de tão construtiva companhia eu me sentia como um vencedor, um vitorioso, alguém que conquistou o maior prêmio de todos e por isso mesmo não desejaria mais nada, apenas deveria viver gozando de sua eterna alegria num jardim de rosas perfumadas e deleites sem fim...

Mas as coisas não são bem assim...

Eu desejava mais, eu desejo mais... Assim a ganância dominava minha alma e meu coração aos poucos... O amor que estava recebendo se tornou pouco ao meu ver e eu passei a desejar mais.

Não queria apenas ver, queria tocar, queria provar, mas aquele fruto não poderia ser provado. Trata-se do fruto proibido do pecado, cuja desobediência pode, e vai, me conduzir a morte certa se nele persistir.

A ganância que passou a me motivar naquele momento é exatamente a mesma que motivou Adão a comer do fruto proibido por desejar querer ser como Deus.

O fruto proibido existe, e para cada um de nós ele se apresenta de uma forma diferente. A mim, ele se mostra como aquele que amo, mas que não posso ter devido o imenso abismo que nos separa. Mesmo tocando seu braço, seu ombro, num gesto automático, a proximidade física era apenas um reflexo invertido da proximidade afetiva que nos separa. Embora estivesse a poucos centímetros de mim, as vezes ainda mais próximos, sentia que a distância entre nós era de centenas de quilômetros.

No entanto minha ganância se mostra contida numa coisa, e isso acho válido lembrar: geralmente ela se manifesta de forma violenta, brutal, provocando na vítima um desejo incontrolável do ter que faz com ele tome as piores decisões com o objetivo de conseguir o que deseja.

O que caracteriza a ganância é o mesmo desejo incontrolável de preencher no coração do homem um vazio que o incomoda desde o primeiro pensamento das mais diversas maneiras. A luxúria o faz transformando o homem num escravo, a ira o transforma numa besta, e a ganância o transforma num dependente químico, que precisa sempre mais daquilo que lhe faz mal para viver.

Mas eu não desejo seu corpo. Não desejo noites de torpor e suor. Isso seria luxúria, e o que sinto é amor, e o que desejo é tão somente isso: amor. Um amor que não precisa ser gritado aos quatro cantos do mundo, nem tampouco estampado em capas de revista, mas que se for impresso em nossos corações já será mais do que o suficiente. O amor que desejo é apenar um sinal de afeto, um abraço apertado e sincero, um beijo no alto da testa ou andar com os dedos entrelaçados sob a luz do luar.

Queria segurar sua mão, olhar no fundo dos seus olhos e dizer o quanto o amo, o quanto é importante para mim. Queria beijar seu rosto e fazer você entender que eu quero estar para sempre aqui com você... Queria poder te fazer entender o quanto eu amo você...

Eu amo você

Eu amo você...

Eu amo você...!

EU AMO VOCÊ!

Mas seu amor é algo que não posso ter.

E esse é o amor que desejo, essa é a minha ganância!

E a ganância destrói da mesma forma que a gula, de forma lenta, pois cega o homem para o que ele já tem e a felicidade que já possui e o faz desejar sempre mais e mais. Já tenho sua amizade, sua atenção, sua consideração... 

Mas ainda quero mais? 

Isso é ganância, isso é pecado, isso é errado, e isso certamente me conduzirá para a morte. 

Do meu coração e de minha alma!

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