sábado, 28 de janeiro de 2017

Personagens

"Dizem que somos possuídos pelo que possuímos. Não é bem assim. Somos possuídos por aqueles que amamos. Somos reféns eternos desse amor." (Harlan Coben)

Pra começo de conversa eu não faço a mínima ideia de quem seja Harlan Coben, só achei essa frase pouco antes de sair de um fórum que eu entrei por acaso, mas achei bem interessante. Enfim, mas não é sobre ela que eu quero falar, mas quero começar minha reflexão partindo de outro ponto:

Uma pessoa me sugeriu que eu escrevesse histórias, ou melhor, estórias, com personagens e tudo, como forma de explorar ainda mais minha sensibilidade literária. Achei interessante, não que eu já não tenha tentado, e acho que pode ser que dê certo. Claro que é inevitável um começo infantil e inexperiente, afinal estou familiarizado em ler o gênero, não escrever, mas acho que vale a pena tentar. 

No entanto, enquanto pensava sobre isso comecei a pensar no que uma ficção precisa. Comecei pensando no básico, um personagem principal, um interesse amoroso, um enredo interessante, um cenário bem delimitado e personagens coadjuvantes, que ao meu ver, são o que dão um tom profissional a história. Os meus livros favoritos são aqueles que me fazem interessar também pelos personagens secundários. E geralmente são os que menos são desenvolvidos, justamente para dar ênfase ao personagem principal. 

Pensando nisso eu comecei a me dar conta que nossas vidas por vezes são como na ficção, o famoso a vida imita a arte, ou a arte imita a vida. Temos personagens principais e coadjuvantes. Temos histórias principais e histórias secundárias que, embora menos importantes, contribuem e muito para a principal. 

Eu obviamente não posso ser coadjuvante na minha própria história, mas o mundo também pode ser considerado um grande livro e ai sim, novamente nos dividimos em atores principais e coadjuvantes. Em meio essa grande biblioteca formada pelas vidas de todos quanto caminham por sobre a terra não é incomum as vezes nos aproximarmos de histórias de outros, que parecem mais belas, ou que simplesmente tenham personagens que nos agradam mais. 

No meio dessa confusão toda eu vi uma história que aos poucos foi me chamando atenção. Uma história que, como uma espada de dois gumes, possui um lado doce e delicado e um lado forte e corajoso. Trata-se de um herói, um guerreiro, que aos poucos passa a ocupar o lugar da minha história, para que eu possa me ocupar em observá-lo. 

Quando o vi pela primeira vez, um certo preconceito tomou conta do meu juízo, e o classifiquei como uma pessoa comum, cheia de ideias erradas na mente e visões turvas sobre coisas que pra mim eram claras. Mas com o tempo eu fui percebendo que eu era quem estava com a vista turva, e com o coração aos prantos. Aos poucos então eu fui observando de longe as batalhas daquele guerreiro, escondido, sem que ele me notasse. 

Como uma criança distraída eu fui aos poucos parando de chorar enquanto olhava aquele bravo cavaleiro lutar em sua armadura de ouro, combatendo os espectros que buscavam perder o mundo. E eu nem notei me levantar e aos poucos começar a caminhar em sua direção...

Ele me fez querer levantar e lutar também, me fez querer caminhar ao seu lado. Me fez querer desejar ser um coadjuvante a ajudá-lo a alcançar seus objetivos. Ainda não o alcancei, ele se encontra lutando no topo de uma grande colina, e eu estou na base ainda, sem armadura, apenas com o coração ardendo em chamas de desejo de lutar ao lado desse bravo guerreiro cuja beleza resplandece entre o céu e a terra. 

Quem sabe se eu me esforçar conseguirei um dia caminhar ao seu lado, protegê-lo de seus inimigos e juntos alcançarmos o topo da colina que chega aos céus? 

Você me permite, oh belo guerreiro, que eu caminhe e lute ao seu lado contra os inimigos desse mundo? 

Claro, isso pode ser só mais um sonho, e eu posso morrer aos pés do primeiro inimigo que surgir a minha frente, antes mesmo de conseguir uma armadura, mas eu não vou morrer por ficar parado no mesmo lugar... Não mais...

Nenhum comentário:

Postar um comentário