sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Bestialmente

Os dias passam, as horas correm... Vem o dia, vem a noite, e eu prometo a mim mesmo que amanhã será diferente, que vou levantar disposto a mudar, a lutar, mas todo dia é a mesma coisa.

Sair da cama já exige um esforço enorme, e sair por algumas poucas horas me deixa completamente exausto. Passei horas dormindo depois de ter ido a missa ontem cedo. Meu corpo não tem conseguido se curar, não tem conseguido viver.

Acreditava que seria uma questão psicológica, e que a força de querer levantar poderia me bastar, mas não bastou. Mesmo depois de dormir mais de 5 horas direto e eu ainda não conseguia levantar sequer para tomar água. O sol queimava minha pele mas eu nem ligava, só queria ficar deitado ali, pra sempre. E quando chegou a noite, esperava que o sono não viesse, mas logo ele apareceu, forte e pesado como uma barra de chumbo. Não dormi por 8 horas, como sugerem, mas por 12, e esse tempo é ainda maior em alguns dias, já cheguei a passar 16 horas direto sem conseguir sequer trocar de posição. 

A disposição para escrever tem sido outro problema. Quando finalmente consigo superar a dificuldade de ficar desperto o suficiente para escrever qualquer coisa que seja, as ideias simplesmente somem da minha mente como fumaça entre os dedos. Nada permanece, nada fica.

E essa tem sido a manifestação pessoal que tem se dado em todos os aspectos da minha vida: a permanente transitoriedade de tudo. Dizem que a única constância do universo é a inconstância, mas aceitar isso é mais difícil do que repetir as palavras. A inconstância tem me dilacerado por dentro, e tem feito eu desejar mais do que nunca a eternidade, o perfeito; Quisera eu me tornar a existência perfeita, e cobrir com minha consciência a totalidade da existência, mas quanto mais desejo isso, mais percebo o quanto isso é um sonho tolo, infantil. Ora, não é isso que desejam as crianças, um mundo onde ninguém os contrarie? 

Tudo o que tenho feito então é desejar como uma criança que meus desejos sejam atendidos, sem no entanto perceber o quão ridículos eles são. Por isso a dor, o sono, a letargia, pois meu corpo percebeu o perigo que é para mim e para os outros ficar acordado, sonhando e pensando. Por isso o meu corpo se encarrega ele mesmo de proteger o mundo de minha bestial mente...

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