quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Silêncio e veneno

As últimas noites tem sido difíceis. Percebi que tenho esperado que o tempo resolva, que o tempo me acalme, que o tempo me console. Mas tudo o que tem acontecido é que o tempo tem me deixado ainda mais apreensivo, ainda mais magoado.

Tudo o que o silêncio sepulcral da noite faz é me lançar num abismo de pensamentos sórdidos, e embora os dias estejam quentes tudo o que minha alma encontra é a frialdade inquieta do aço de uma espada a me transpassar o coração. O aço é frio, e as palavras também são frias, não há no mundo para o meu coração abrigo, condenado a viver em eterno exílio. 

O meu silêncio é resposta de mais silêncio, mas já não sei mais quem responde a quem. O meu silêncio é reflexo do medo que meu coração tem de mais uma vez ser abandonado sobre as palavras frias de adeus. 

É com um sorriso macabro no rosto que eu me recordo que todas as minhas ações foram e continuam sendo movidas pelo medo de ficar só. E foram elas que me deixaram como estou: só! A cruel ironia do destino como um dardo inflamado foi lançada no meu coração, e a paralisia que se segue ao contato do veneno com meu sangue me deixou ao chão. 

Não há uma conclusão, um insight, uma compreensão. Há apenas silêncio, dentro e fora de mim, enquanto espero o veneno terminar de fazer efeito e finalmente ceifar a vida miserável que ainda insiste em existir. 

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