sábado, 28 de outubro de 2017

Oh Beleza!

Oh beleza intocável, viril, douradamente proibida aos braços deste homem pecador. Oh beleza intocável, cuja resplandecência encanta os olhos, aguça o paladar e desperta no homem seu desejo mais primitivo...

Oh beleza inalcançável, cujo toque pode despertar a fúria dos deuses. Beleza feita para ser admirada, desejada, não possuída, não dominada. Beleza capaz de despertar os torpes apetites de um animal enjaulado. Beleza inalcançável, reprimida.

Oh beleza ímpar, de tom aveludado e superfície plasmada pelas mãos inspiradas do demiurgo. Quem atreveu-se a criar tamanha perfeição para coloca-la em posto tão inalcançável aos que nela pousam o olhar? Quem se atreverá a desafiar os desígnios divinos para provar de teu tão doce néctar virginal e de inexperiente desejo? Quem se atreverá a devorar a sua carne branca e rosa, que inocentemente anda pelas estepes perigosas? 

Oh beleza inocente, a sua veste branca desperta no animal o olhar letal do assassino incontrolável, que deseja saciar sua sede com seu sangue derramado, não ao chão, mas sob o corpo eufórico, excitado. 

Oh beleza de lonjura inigualável, seu olhar doce, verde, penetrante, desperta no mesmo animal o desejo, a obsessão, por sua doçura visceral, pela sinceridade de seu falar, e pelo pulsar do seu deleite vivificante. 

Oh beleza indescritível. Tão inebriante quanto o vinho. Mais hipnótica que o sol nascente ou poente. Mais viciante que o ópio. Mais aterrorizante que o leão.

Oh beleza inegável, qual será o som de sua voz quando inebriado de prazer luxuriante se entrega aos braços de um amante? 

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