segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Filha do destino

Depois de uma noite difícil, brutalmente torturado pelo calor lancinante dessa época do ano, fui levado a uma segunda reflexiva, motivada pelas palavras do novo curso de filosofia tomista em que me inscrevi e também pelos acontecimentos das últimas semanas, que aos poucos vem cravando no meu coração os ensinamentos profundos que apenas a experiência com o outro pode nos ofertar.

Com efeito, aprender uma lição na pele é mais valoroso que no intelecto, e por isso continuo a crer que o corpo dobra o intelecto. Repetia continuamente a mim mesmo, que não me deixaria levar pela emoção e pela ilusão de um relacionamento perfeito, sem mágoas ou cicatrizes. E justamente cegado pelo meu discurso de amadurecimento eu me vi fazendo exatamente os mesmos passos que tantos outros "teóricos da decepção" fizeram... 

Mas agora, aos poucos como deve ser todo amadurecimento, eu vou compreendendo que o esperar é o principal gatilho da decepção. Esperamos do outro o melhor, e ele não é capaz de corresponder a essa expectativa. Já me debrucei longamente sobre isso em diversas vezes, mas é diferente quando o coração entende o fato e não a palavra. 

E começo a arranhar a superfície do entendimento de que na verdade não sou bom para estar com alguém, muito embora o deseje tão fervorosamente. Isso porque além da grandiosa imaturidade afetiva há ainda uma anormal mania de perseguição que me rende as mais tenebrosas experiências de abandono, que agora vejo serem justificadas. 

Compreensível a visão que os outros tem de mim, e que agora começo a ver também, que tem se mostrado mais real do que a que costumava ter. Infelizmente me trazem mais conclusão doloridas do que perspectivas de futuro, mas creio que seja um primeiro passo importante. 

Me pergunto agora quais serão os próximos capítulos de minha história. Se conseguirei superar as dificuldade que me tornam tão desprezível aos olhos dos outros, se conseguirei me entregar aos que demonstram interesse por mim e não por aqueles que mal sabem de minha existência. Penso que a primeira medida a ser tomada deva ser a superação dessa veia masoquista que me leva sempre a desejar o que não poderei ter, e que obviamente sempre me leva aos mesmos destinos de dor e tristeza. 

Pois bem, entendo que a palavra me deu certa compreensão, mas apenas a vivência me levou ao primeiro estágio da sabedoria, apenas a dor soube me ensinar o que a palavra gritava em meus ouvidos, e apenas a dor, essa filha do destino, poderá me fazer compreender o que é a vida...

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