quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Imitando aquele que imitou a Cristo

Hoje é a memória litúrgica de São Francisco de Assis, um dos maiores e mais conhecidos da Igreja, admirado por tantos até mesmo de fora da mesma Igreja. Sinal de que a santidade transcende o tempo e o espaço, e exemplo vivo que o Evangelho permanece presente como estava na Igreja primitiva.

São Francisco levou até os 24 anos uma vida desregrada, não era uma pessoa devassa, mas levava uma vida de futilidades. Como muitos de nós ele não fazia o mal propriamente dito, mas pecava pela omissão de apenas enxergar as próprias vontades. Como muitos de nós também não se recordava de Deus, não pensava no céu, nem tampouco no pecado. Apesar de não ser dado aos extremos da carne nunca fora um piedoso devoto, como sua mãe. 

Seu exemplo está justamente na vivência do Evangelho ao extremo. Após uma experiência mística que o conduziu a sua conversão se tornou um Outro Cristo na Terra, como fora chamado por tantos veículos de comunicação quando no século passado fora nomeado o Homem do Século, por cristãos e não cristãos. 

Como bem dizia, não devemos no entanto falar sobre a vida dos santos, mas imitá-los. De fato nossa vida seria muito mais frutífera se imitássemos os santos. E a isso é mais valioso do que apenas se deter em enumerar suas qualidades que os distinguem de outros cristãos.

São Francisco viveu buscando ser um outro Cristo... Ah o quão distante disso estamos... Estamos distantes sequer de aspirar a isso. Sequer pensamos em viver como ele, e vemos o exemplo dos Santos apenas como pessoas distantes, que viveram de forma inalcançável. Esquecemos que o santos foram pessoas comuns, dadas aos prazeres como São Francisco, mas que se decidiram pela radicalidade do Evangelho. Não viveram de forma inalcançável, mas antes, viveram como todos deveríamos viver. 

Muitos são os aspectos de sua vida que poderíamos destacar, mas todos mutilariam a totalidade da grandeza desse pequeno homem. São Francisco fora um homem simples, que buscava na simplicidade imitar a Cristo e por isso se tornou grande, amante da Eucaristia, filho predileto de Nossa Senhora, dava especial importância ao mistério da Encarnação de Cristo, enfim, buscou viver a vida cristã em sua totalidade. 

Triste ver o quanto somos cristãos superficiais. Não só negamos nossa vida a Cristo e sua Igreja como longe disso, negamos até mesmo o pouco que nos pede, algumas poucas horas de doação em sua messe. 

Distantes de amar a Eucaristia, a Virgem Maria, amamos aos nossos desejos, amamos as nossas vontades. Quando algo destoa disso nos revoltamos. Vivemos no século do Eu, ignorando portanto com veemência os Conselhos Evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência. O Eu se tornou o centro, enquanto São Francisco colocou Cristo em seu centro.

Quanto mais meditamos sobre sua vida, mais percebemos que tal trabalho é em vão, pois nos distanciamos cada vez mais do mesmo. Antes então de falar sobre sua vida, busquemos imitar aquele que tanto imitou a Cristo.

Celebremos com piedade
Os sinais de santidade,
Que em profusa quantidade, 
São Francisco revelou.

 Quem seguir a nova grei
 Goza os bens da Nova Lei
 E revive o amor do Rei,
 Que Francisco nos legou.

Nova ordem, nova vida,
Para o mundo incompreendida,
Restaurou a Lei querida
Do Evangelho do Senhor.

 A Justiça se reforma, 
 Do Evangelho aceita a forma,
 E revive a nova norma,
 Tempos apostólicos.

Um burel e corda dura,
No vestir-se não se apura;
Para a fome o pão procura;
Do calçado se desfaz.

 A riqueza é desprezada,
 Nem dinheiro, nem morada;
 São Francisco não quer nada;
 A pobreza é seu amor.

Busca o ermo e, comovido,
Chora amargo, até o gemido,
Todo o tempo já perdido, 
Quanto ao mundo consagrou.

 Na montanha, retirado,
 Chora, reza, ao chão prostrado,
 Quando enfim, já serenado,
 Vai a um antro repousar.

Por rochedos protegidos,
Do divino é possuído;
Todo o mundo é preterido
Pelo céu que ele escolheu.

 Freia a carne, quando impura; 
penitência o desfigura;
 Toma alento da Escritura,
 E do mundo se desfaz.

Eis do céu, Varão Hierarca,
Surge o Divinal Monarca!
Treme o Santo Patriarca,
Com pavor, ante a visão!

 Com as chagas adornado,
 As transfere ao Santo amado,
 Que medida consternado,
 Chaga viva se tornou

Num colóquio misterioso,
Vê o futuro radioso,
Desfrutando divo gozo
De celeste inspiração.

 Maravilha! Surgem cravos,
 Fora, negros, dentro flavos.
 Com sinais profundos, cavos,
 Sofre dura, ingente dor.

Não foi arte da natura
Dos seus membros a abertura;
Nem de ferros a tortura,
Que implacável o feriu.

 Pelas chagas que portaste
 E do mundo triunfaste,
 E da carne te livraste,
 Em vitória sem igual:

São Francisco, te imploramos,
Nos perigos te invocamos;
Que no céu, gozar possamos
A celeste glória.

 Ó Pai Santo, Pai bondoso,
 Que teu povo, fiel, piedoso,
 Com teus frades, pleno gozo,
 Tenham juntos lá no céu!

Tenha o céu, eterna sorte,
Quem te segue até à morte.
Dos Menores a coorte,
Possa a glória contemplar!

 Amém.

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