segunda-feira, 29 de maio de 2017

Mundos solitários

Tem dias que estou contente sem motivo aparente. Em outros essa alegria não passa de aparência. Em outros ainda eu não consigo aparentar nada, e ai o meu olhar reflete exatamente o que sente meu coração: solidão!

Me sinto com frio, mas não faz frio, os termômetros marcam altas temperaturas e o sol brilha glorioso la fora. Mas o meu coração esta frio, pois não encontrou no mundo quem o aquecesse. Meu coração está morto, pois não encontrou no mundo quem o fizesse querer viver. 

Eu tinha uma visão a minha frente, um sonho, como costumam dizer, e era ele que eu costumava ter como objetivo de vida. Caminhar sem direção num praia ensolarada com alguém ao meu lado. 

Ironicamente no meu sonho não há um alguém específico, nem um lugar específico, podia ser uma praia em Salvador ou na Califórnia, ou um templo em Chiang-Mai ou uma igreja em Roma, o importante é caminhar ao lado de alguém.

Dizem que nossos sonhos refletem nossos desejos mais íntimos, no meu caso isso é bem verdade, o meu desejo mais íntimo não é ter isso ou aquilo, ser isso ou aquilo, mas não estar sozinho. No fundo é o que mais desejo. 

Talvez por isso a percepção da solidão seja para mim tão aterrorizante. Estamos sozinhos. Vivemos num mundo onde todos estão sozinhos e não há nada que possamos fazer para mudar isso, não há nada que possamos fazer para expandir nossas mentes e completar os vazios uns dos outros, completando aquele vazio do coração do homem que nos assusta desde o primeiro pensamento. 

Mas não adianta temer. Nem correr. Nem se esconder. Nem sequer chorar.

O mundo quis que os homens vivessem sozinhos e ponto. Nossa organização social nada mais é que um delicado organismo que criamos para nos dar a falsa sensação de segurança, de companheirismo. Na verdade, não importa o quão próximas duas pessoas sejam, elas sempre serão dois seres distintos, e nunca poderão se entender completamente. Pois a ideia de duas pessoas próximas o suficiente para eliminar os conflitos é inaceitável num mundo onde conflitos existem a todo momento. 

Conflitos existem pois nossas percepções e concepções formam ao redor de nós uma redoma, que ao se chocar com a redoma do outro produz as faíscas do desentendimento. E é no desentendimento que percebemos nossa solidão. Em todo o mundo só existe uma única pessoa capaz de pensar exatamente como nós, e essa pessoa não é outra senão a própria pensadora. 

No fim, tudo não passa de tentativas de aproximar as pessoas. As ideologias, filosofias, artes... Mas tudo isso não passa de uma tentativa pífia de aproximar mundos distantes, que nunca poderão entrar em perfeita sintonia. 

O homem não tem força para alterar a órbita do sol, e nem tampouco de mudar o pensamento de outro homem.  Um homem não pode ordenar as estrelas que caiam, e nem tampouco forçar o amor de outro homem. Um homem pode criar máquinas que o levem a lua, mas nenhuma tecnologia pode levar o homem ao interior de outro homem.

E seguimos nossas vidas assim, sozinhos, em universos separados, distantes, e estranhos. 

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