domingo, 28 de agosto de 2016

Boa noite

E nesta noite eu tentei dizer a verdade sobre os meus sentimentos pra você, só que mais uma vez eu não consegui... provavelmente só irei fazê-lo quando já for tarde demais e quando já não for mais possível te alcançar. Então, da mesma forma que a areia da praia cai por entre os dedos e volta ao chão, você também se esvai de meus braços, retornando para longe de mim...

Triste notar o quanto podemos nos apegar a pessoas que nada tem a nos ofercer exceto um grandioso potencial destrutivo, que acaba por despertar nossas inclinações masoquistas na busca por um prazer desenfreado e desequilibrado no sofrimento. Digo isto pois, ao mergulhar de cabeça e permitir a existência de um sentimento tão poderoso por alguém tão distante nada mais é do uma assinatura da própria condenação. Como se algum louco ousasse amarrar a si mesmo e entregar-se a pena de morte. É em momentos como esse que me sinto um grandissísimo idiota por permitir que tais sentimentos ceguem o meu sentido de dever. 

Como disse mais cedo à minha mãe "tudo vai bem em minha vida, exceto pelos problemas que inventei na minha cabeça." E de fato, eu tenho tudo pra ser a pessoa mais feliz desse mundo, e não o sou simplesmente por conta dessas situações que eu mesmo criei e que tornam cinzas os meus dias mais ensolarados. 

Hoje mesmo foi um desses dias. Um dia que chamo de "preguiçoso" aquele em que não temos nem calor e nem frio, mas a temperatura amena não dá sinais de tranquilidade, muito pelo contrário, dá sinais de que algo grande e ruim vem por aí. Pode não ser nada, mas desde a noite de sexta, tenho tido comigo uma sensação de que algo de trágico está prestes a acontecer. Como se as nuvens de uma grande tempestade pairasse sobre minha cabeça, prestes a me partir ao meio com seus raios e a me lançar para longe com seus ventos violentos. Muito provavelmente trata-se de um prenúncio do trágico fim da 'história de amor" que tenho vivido. História essa que só existe em minha cabeça e que com certeza me será motivo de numerosas angústias e lágrimas.

Eu devia ter sido mais prudente. Ter evitado amar novamente, pois quando se pisa num ninho de cobras, não se espera outra coisa além de sair envenenado. E no meu caso, o veneno eu mesmo injetei em minhas veias. No momento exato em que permiti que aquele sentimento que nasceu do acaso ganhasse força e se alimentasse de minhas energias foi quando o meu destino foi traçado. Não haveria pra mim outro futuro senão a morte. E desse descuído, nasceu um sentimento bom, mas com um potencial destrutivo assustador. O amor então que sinto arder dentro de mim pulsa vivamente e grita seu nome cada vez que penso em você. Mas por mais que meu coração grite, ele não consegue se fazer ouvido. Não há possibilidade de que você não saiba da verdade, não quando eu sou tão franco e sincero quanto aos meus sentimentos, apenas me faltando a coragem necessária pra lhe dizer com todas as letras o que sinto por você, mas se sabe realmente do que sinto, você finge não saber.

E foi o que tentei fazer nesta noite, mais uma vez fracassando miseravelmente. Tudo o que consegui foi passar um pequeno momento contigo, sorrindo e contando coisas aleatórias... Ah, se soubesses o quanto esses momentos contigo são importantes... Sinto como se você se dispisse pra mim das máscaras que todo o mundo enxerga e que vejo um você que ninguém mais consegue ver. Fico feliz em sentir-me dessa forma mas me pergunto se de fato é assim ou se essa não é apenas mais uma invenção de minha fértil mente. 

Eu me imagino então nessa situação como que numa grande floresta tropical. Um lugar desconhecido, completamente inabitado que flutua entre dois conceitos muito distintos: pode ser um lugar assustador, se sozinho e abandonado, ou a mais belas das paisagens, acompanhado da pessoa certa. Talvez esteja apenas tentando dizer que meu sentimento é como uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que é maravilhoso poder sentir isso por você é tenebroso vislumbrar os horizontes negros que aparecem sob minha vista. E eu tenho medo. 

Medo de dizer o que sinto e ser rejeitado. Medo de não dizer e só me dar conta da importância desse não fazer quando for tarde demais. Em suma, meu medo se resume em não ter você. Infelizmente meu sentimento não tem sido aquele amor-doação de que costumo falar, puro e desinteressado. Não. Tem sido um sentimento de posse, de querer você somente pra mim e de satisfazer contigo meus desejos mais intimos. Não é algo saudável. Não é normal e eu não devia nem estar pensando nessas coisas... E digo ainda que o que consigo escrever aqui sobre o que sinto por você é apenas uma fração do que de fato se passa no meu interior. Apenas um pouco daquilo que consegui abstrair e transformar em palavras. Gostaria de dizer apenas o quanto é especial pra mim. O quanto gostaria de passar o resto de minha vida ao seu lado. Não que estar do meu lado seja algo bom, mas que ao seu lado, até mesmo existir se torna algo belo. Ver você torna meus dias claros. Pensar em você afasta de mim os pensamentos ruins que me assombram diariamente e pensar no seu abraço é praticamente um atentado contra minha sanidade mental, por é nesse abraço que quero me perder e expandir-me, abarcando a totalidade da existência. 

Dizer "Eu te amo" não poderia exprimir o real sentido e profundidade do que sinto apenas pelo fato de ser impossível de se conceber em palavras ou compreender através das mesmas a força disso que em mim pulsa por você. 

E como eu temo te perder. Como tenho medo de um dia acordar e ver que você se entregou a outra pessoa. Penso que não resistiria e que isso significaria o fim de minha já prejudicada estabilidade mental. Como disse alguns dias atrás, a essa altura, me imaginar sem você é como imaginar um mundo sem o sol. Um mundo frio, sem cor e nem vida. Dessa forma, minha vida seria ceifada juntamente com esse sentimento, que seria minha única companhia na alcova fria e dura onde repousam os restos mortais do meu coração. 

Até mesmo quando, a noite fecho os olhos para dormir, vejo seu rosto estampado a minha frente, a iluminar as trevas que habitam minha essência...

Triste agora por dizer que já sei como termina essa história: não muito diferente de como acabou todas as aventuras em que já me meti... Comigo devastado por ter ido fundo demais num sentimento por alguém que não poderia ou não queria retribuir. De fato não o perguntei sobre nada disso, apenas tomei a liberdade de amá-lo. Não pediu por isso, e provavelmente essa minha paranóia nada significa pra você de verdade. Talvez eu seja apenas alguém que te perturba constantemente e que no fundo, você apenas torce pra que eu arranje algum bom motivo pra sair do seu pé. Mas infelizmente eu continuo a insistir em te acompanhar, em estar ao seu lado, de alguma forma. Talvez um dia precise de mim e eu vou estar a te esperar. Ou talvez, e aqui esse 'talvez' tem caráter apenas estético pois eu tenho certeza do que direi, seja eu quem precise você. E esse sentimento seja na verdade, uma necesidade que criei dentro de mim e que não corresponde a realidade.

Realisticamente falando, e não gosto nenhum pouco de falar assim, eu sei que posso e vou sobreviver a você, mas é que só a dor de me imaginar sem você é tão grande que prefiro pensar que a morte seja um destino mais gentil. 

Não quero ter de imaginar isso.

Quero apenas, como uma criança mimada ou como o louco completamente alucinado que sou, me imaginar ao seu lado, podendo te abraçar com força ao fim de cada dia, sentindo seu coração, olhando bem no fundo dos seus olhos e dizer: tenha uma boa noite meu amor!

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