quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Morte e Transfiguração

Bom, primeiramente Já deixo de antemão que esse post será um agrande exercício a minha criatividade, pois estou começando a escrever sem nenhuma inspiração. Tudo o que posso dizer é que minha mente mergulha no oceano de incertezas e uma porção de pensamentos deconexos e sem nenhum sentido que, ainda que eu conseguisse colocar aqui, não seriam mais do que balbucios de uma alma inquieta... 

Pra me ajudar a relaxar um pouco e ainda me fornecer alguma luz, resolvi ouvir "Morte e Transfiguração", um poema sinfônico de R. Strauss que particularmente não me recordo de ter ouvido em outra ocasião. Começando então daqui, pois é o que tem pra hoje, eu decidi pensar sobre a proposta que esse poema me traz. Em poucas palavras, a música descreve a morte de um homem, um artista, onde, em seu leito de morte, passam por sua cabeça sentimentos de diversos momentos de sua vida, como a infância inocente, a vida turbulenta e as conquistas que ele obteve e no fim, a passagem desta vida para a eternidade.

Gostaria de acrescentar porém, antes de me alongar sobre isso, que não estou sofrendo de nenhuma crise adolescente e pensando em me suicidar, apenas acredito, e quem me conhece sabe o quanto penso nisso, que pensar sobre a própria morte é um exercício bastante revelador. Mas chega de me explicar.

Não são raras as vezes em que nos deparamos, geralmente em redes sociais muito frequentadas por pessoas agraciadas pela inclusão digital, com perguntinhas do tipo: "Se você fosse morrer amanhã, o que faria hoje?" Ignorando então a premissa proposta por mim mesmo de cultura erudita é apenas tudo aquilo que não fora produzido pelas pessoas abaixo da classe média, eu percebi que na verdade se trata de uma pergunta bem capciosa. Ora, ela pode simplesmente revelar se somos ou não felizes. Se alguém mudaria sua vida drasticamente em função de sua morte ou do apocalipse iminente, penso que seja sinal de que essa pessoa não é feliz, pois seria necessário algo de extraordinário pra que ela mudasse os últimos momentos de sua breve vida. Claro que essa é apenas a minha opinião, mas ainda assim, quando eu mesmo tentava responder a essa pergunta, eu me questionava, eu sou de fato feliz? Se sim, por quais motivos e se não, por quais motivos também?

Quem já leu qualquer coisa que eu tenha escrito nas últimas semanas pode ter percebido o quanto eu tenho partido de um ponto de vista caótico, dramático e pintando cenários trágicos em cada um de meus textos, e baseando-se nisso, não é difícil imaginar que diriam que não, eu não sou feliz. Mas discordo veementemente dessa afirmação pois também não me considero uma pessoa infeliz, ou necessitada de uma reviravolta em minha vida em vista da minha morte iminente para o ser. Logo, penso eu que, se fosse informado de que certamente morreria amanhã, eu simplesmente me deitaria, e após um porre de Lexotan, dormiria ouvido uma playlist com minhas músicas favoritas. Essa foi a única resposta que consegui. Claro, pra alguns isso pode significar uma péssima maneira de passar os últimos momentos, mas os últimos momentos são meus e eu passo eles do jeito que eu quiser. 

Desculpe a crise mas, se comecei o post sem nenhuma ideia, agora tenho de filtrar as mesmas pra que o texto não se alongue demais e acabe por se tornar um livro. Enfim.

Essa minha opinião também mudar daqui algum tempo. Se me fizessem essa pergunta enquanto namorava, certamente diria que passaria minha última noite ao lado do homem que amava. Mas acho que isso revela também muita coisa, pois o fato de estarmos mudando significa justamente estar vivo, já que os mortos não podem mais mudar. Logo, penso que a vida seja como um rio, com as águas em constante mudança.

Minhas metáforas sobre a natureza e a vida, principalmente o sol, o mar e as rosas, podem estar ficando gastas e batidas, e meu vocabulário é um tanto quanto limitado, reconheço. Mas acredito que a repetição, assim como bem disse Andy Warhol o ícone da Pop Art, seja também uma forma de expressão. E ainda que eu através de palavras, pinte sempre a mesma cena, a cada nova pincelada, ou a cada novo olhar, consigo assim me reinventar. É como um grande livro de nossa estante que voltamos a ler de tempos em tempos: embora seu conteúdo continue o mesmo por décadas, cada leitura de cada pessoa diferente produz uma sensação nova e completamente diferente. É também como uma daquelas músicas que baixamos e ouvimos tantas vezes que por fim enjoamos: o que difere a primeira audição da última se a música é a mesma? Ora, o que difere é a alma da pessoa, que numa constante mudança, não tinha as mesmas exatas caracteristicas da última vez que tinha quando se deparou com a música pela primeira vez. 

Assim então é a vida, uma constante mudança que, mesmo embora na repetição, consegue se reiventar. É uma antítese em si mesma, ou talvez só eu a conceba dessa forma, mas penso ser uma interpretação válida. 

O que podemos fazer então com essas afirmações? Absolutamente nada, se você é uma pessoa feliz, ou mudar sua própria vida, caso seja uma pessoa triste. Ou, se você é como eu que sequer sabe definir se está feliz ou triste, pode usá-las pra tentar chegar a alguma conclusão. Muito embora após andar em círculos por um longo tempo, eu ainda esteja parado no mesmo lugar, isso se não acabei por regredir na minha busca por respostas. 

Respostas.

Nos incomodamos tanto atrás de conceitos tão abstratos não é mesmo? Isso me incomoda profundamente ao ver que, em função de uma porção de coisa que não consigo conceber como nada além de conceitos profundamente abstratros, como amor, paixão e ciúmes, minha vida é completamente modifcada a todo momento. E inclusive não raramente deixo de viver muitas vezes, para pensar nesses conceitos. Ou pensar nesses conceitos seja uma forma de viver e eu ainda não tenha me dado conta disso. Ou talvez ainda alguns tenham de pensar nesses conceitos enquanto outras pessoas vivem de verdade, como escravos que abandonam-se a si mesmos em função de seus senhores. E de fato, novamente como disse Warhol, nascer é como ser sequestrado para depois ser vendido como escravo. Sim, e cada um recebe um julgo diferente. Uns são escravos das próprias mentes, como eu, e outros são escravos dos outros. O que nos diferencia então? Em uma perspectiva social, nada, somos todos escravos, a sonhar com a liberdade, com a felicidade. 

Alguns desses escravos poderiam dizer que, em vista de um cataclismo inevitável e previsível, matariam seus senhores ou que fugiriam para ao menos nos últimos momentos viverem suas vidas como bem quisessem. E ai eu me questiono mais uma vez, sabendo que não chegarei a conclusão alguma: Como eu posso fugir de minha própria mente? 

Mas ora, alguns podem me dizer, o fato de você abusar tanto assim de benzodiazepínicos não é justamente uma forma de fuga da própria mente e da realidade em si? Não diria que é uma fuga, mas uma tentativa, pois se de fato fosse uma fuga, eu não mais teria de retornar. Logo, não é um método eficaz e muito menos saudável de buscar uma resposta. De novo me perdi em meus próprios pensamentos. Perdão. 

Voltando a vida e a morte, diria que, até que alcacemos o ponto da única verdade comum a todos, a morte, creio que continuaremos a buscar nossas respostas, ou a viver sem elas. Uns reinventando-se completamente e outros, reiventando-se nas repetições. 

Penso ainda que, o fato de eu tanto me alongar nessas mesmas questões sempre seja talvez uma forma de tentar cravar esses conceitos abstratros em mim mesmo. Logo, todas as vezes que insistentemente discorro sobre o amor, as dores do amor, as lutas do amos, as dificuldades do amor, é na verdade uma tentativa de marcar ainda mais profundamente esse sentimento dentro de mim. Como uma tentativa de dar sentido a minha pequena mente distorcida pela confusão e pelas paranóias. Sendo assim, possivelmente continuarei a falar sobre todas essas coisas continuamente até que estejam bem gravadas dentro de mim ou até que eu seja interrompido pela morte. De uma forma ou de outra, até que esse dia chegue, me reinventarei a cada dia na repetição da inovação. Do mesmo que a cada dia é novo e do novo que embora seja novo, não é diferente do anterior em si mesmo. 

Cheguei a alguma conclusão? Não. 
Vou chegar partindo daqui e aplicando esses princípios? Muito provavelmente não também. 

Mas então Gabriel, qual o motivo disso tudo? 

Ora gente, eu sou maluco, e os malucos não conseguem se reconhecer como malucos sozinhos, precisam do outro pra lhes dizer isso, pois até então para ele, sua maluquice é a verdade, e os outros é que são diferentes, mas é justamente em contato com o maluco, o normal e a verdade do outro, é que consigo distiguir a minha maluquice e a minha própria verdade. E, se me é permitido dizer, do que conheço pela normalidade, prefiro continuar a buscar minha verdade na maluquice de cada dia. 

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