segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Cataclismo

Extinção. O mundo se desaba sem que possamos fazer nada para evitar a extinção. 

Acredito que eu tenha uma especialidade, uma caracteristica que me difere da grande maioria das pessoas ao meu redor: a de me desligar completamente do mundo e me focar em coisas aleatórias que não tem nenhum tipo de importância, e a essas me dedicar por horas e horas... Eu chamo isso de viajar pro mundo da lua... e ah, como eu adoro viajar pra lua... 

Por isso, quando o mundo está um caos e todos estão desesperados com o que fazer, eu estou ocupado em construir o meu mundo particular. Mas isso num perspectiva muito otimista, pois na maioria das vezes é bem ao contrário, enquanto o mundo todo segue normalmente, eu me desespero sozinho enquanto assisto ao meu universo se desmoronar bem a minha frente, como num cataclismo. 

Essa destruição de proporções gigantescas pode vir a acontecer por vários motivos, e quando um mundo criado por mim morre, não demoro a criar outro, e como tudo que tem um começo tem também um fim, e os meus mundos sempre terminam em tragédias dignas do cinema internacional.

Mas quando penso em toda essa destruição, não é essa pela qual o mundo em que vivemos passa. Não. É a destruição que causamos a nós mesmos. Com nossa falta de amor próprio. Com as nossas neuras. Muitas das vezes somos a única causa de nossa dor, mas insistimos em culpa o outro, o exterior, quando na verdade, ela vem de dentro pra fora. Na verdade, ela surge bem no íntimo de cada um de nós, e vai crescendo na forma de obsessões, manias e paixões desordenadas e quando nos damos conta, já estamos a beira da catastrofe, sem que possamos reverter a situação.

Nesse exato momento mesmo, embora ainda de pé, já posso prever a destruição iminente que se aproxima lentamente da órbita do planeta onde habito solitário. Acontece que parece ser próprio de uma civilização se extinguir depois de atingir o ápice de sua evolução. E em se tratanto de um população que só existe na minha cabeça, essa regra é quase uma lei. E sempre acontece da mesma maneira... com a criação de um mundo novo. 

Logo, no início, antes da existência se iniciar, tudo o que existirá é chamado a existência. E aos poucos a vida vai surgindo... lentamente germinando por todo o espaço. É o nascimento do amor. Esse é o sol ao redor do qual os planetas orbitam. Tudo o que existe gira em torno dele. Ele então semeia a vida, permite que todos se desenvolvam completamente, e toda a existência passa a reverenciá-lo. No entanto, quando isso significar falar de minha vida, permitir que meu mundo orbite de um sol não é uma coisa boa. Pois depender pra sempre dele siginfica uma fraqueza muito grande. E quando ele não estiver mais ali? O que poderei fazer? Apenas assistir a tudo o que criei ser destruido bem na minha frente mais uma vez? 

É isso que temo mais uma vez... como se mesmo tendo conhecimento que tal lugar está coberto de armadilhas eu ainda decidisse entrar, sem nem ao menos tentar me defender. É como se eu naturalmente orbitasse em meio o campo gravitacional do caos causado pelos meus sentimentos. Como se eu fosse sugado por uma grande buraco negro, e depois de passada a tempestade gravitacional, só pudesse observar a desolação que restou a minha volta. 

A palavra que procuro pra definir o que estou sentindo é medo. Não consegui pensar em nada melhor. Tenho medo de, mais uma vez, meus sentimentos me levarem para a morte certa. Me encontro então dividido, não em duas, mas em várias partes, cada uma com uma prioridade diferente, e nenhuma delas é prioridade de verdade. De um lado um sentimento que nunca tive como evitar. De outro um novo que sequer vi nascer, mas que ja ocupa gande espaço dentro de mim. De outro, as obrigações que tenho a cumprir. E assim, com a alma e o coração divididos, não sei o que fazer, nem que decisão tomar, e nem sei dizer se também não devo fazer nada. Sou então tomado pela incapacidade de tomar decisões, enquanto fico paralisado, a contemplar a catástrofe iminente. Não sei dizer se tenho poder para evita-la mais, já é tarde demais, permiti que as coisas fossem longe demais. Agora, temo dizer que só me resta sentar, enquanto aguardo a visita da irmã morte pacientemente. 

Imagens que não quero ver surgem agora perante meus olhos. Aqueles que amo me trocando por outras pessoas, me deixando, cada um cuidando de seu próprio mundo. E eu mais uma vez ficando sozinho. E em meio a uma cidade negra, fria e abandonada, posso observar o grande meteoro que trará a morte e a destruição a mim e a meu planeta. Extinção. O mundo se desaba sem que eu possa fazer nada para evitar a extinção. 

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