terça-feira, 2 de agosto de 2016

Decepções e equilíbrio

Depois da postagem vergonhosamente parca e áspera de ontem, acredito que hoje, terei assunto para discorrer por algumas linhas a mais... 

Começarei tratando daqueles mais simples, embora ainda esteja sob efeito de uma medicação forte pra manter minha calma e tranquilidade quando passo por momentos de forte pressão. Não sou o tipo de pessoa que reage bem a siuações de tensão. Ironicamente, a maioria das situações em que as pessoas normalmente reagem mal são aquelas que não apresentam problema pra mim. Por exemplo, gosto muito de falar em publico e não tenho problemas com momentos como enterros e notícias fúnebres. Por outro lado, coisas bobas me fazem tremer de medo e a ansiedade e tem o poder de me fazer boa parte da minha já escassa sanidade mental, alem de sempre desencadear uma baita crise respiratória que envolve asma, bronquite, sinusite e rinite, sem contar tremedeira, taquicardia e muita, muita enxaqueca. Sim, também me surpeendo de ainda estar vivo. 

Penso que isso se deve mais ao desequilibrio psicológico do que ao meu próprio organismo, mas fazer o que, todos somos vulneráveis em algum ponto. Alguns de forma mais óbvia e explicita, outros de forma mais velada, mas ainda assim potencialmente destrutiva. Na verdade, penso que nossa mente seja como uma grande engranagem, semelhante aquelas dos relógios de bolso, em que cada pequena parte é essencial para o funcionamento correto de todo o conjunto. Se algo vai mão, então o resultado é visto em todo o resto, e o relógio já não marca mais o tempo com precisão. Os melhores relógios são aqueles cjuas engrenagens estão tão bem ajustadas que jamais perdem a precisão. Mas nem todos somos grande relógios, e a maioria de nós necessita de reparos constantes. Essas engrenagens são as muitas faces de nossa consciência. Se algo vai mal na mente, todo o corpo perde a precisão. Em um pequena escala pode-se dizer quando algo afeta o funcionamento de um parte, todas as outras são afetadas por consequência.

Dito isso, podemos passar aquilo que tem o poder de nos desetabilizar. Muitos são os fatores internos e externos que podem causar ao homem algum tipo de sofrimento. Hoje venho refletir sobre o fracasso e a decepção. 

Não quero no entanto assumir uma posição pessimista e acizentada da coisa, modo este a que já estou habituado pois naturalmente o pessimismo é minha primeira reação condicionada a tudo. Não. Quero apenas expor alguns pensamentos que podem ou não me ajudar a retornar ao ponto de equilibro inicial, perdido através do fracasso. 

Obviamente errar não é bom, e quando fracassamos o primeiro sentimento que nos assola a alma é o da decepção. E essa decepção é muito diferente daquela que sofremos quando somos desapontados por outras pessoas. Essa é diferente porque vem de dentro. O motivo primeiro da decepção somos nós mesmos. Criamos expectativas, esperanças. Saímos de casa numa noite escura e silenciosa e então subimos por uma escada secreta até o local de nossos sonhos. Mas no meio do caminho descobrimos que a escada não nos leva ao prometido bosque repleto de cedros e açucenas, mas sim de um agreste escarpado. A brisa amena não existe, só um vento forte e desolador. Então, decepcionada com o bosque que não existe, a alma decide retornar. Mal sabe ela que, atravessando aquele deserto, um paraiso ainda mais belo do que o que ela imaginou lhe espera. 

Outro ponto a ser tratado eu aprendi num, pasmem, filme da Disney. Muito tempo atrás resolvi assistir aquele Família do Futuro, e aquele ensinamento de que com o fracasso se aprende, ficou marcado na minha mente. Decidi então trazer aquilo pra minha vida, e me conformar que todo fracasso, em si, pode ser considerado uma coisa boa, pois o ensinamento que dali pode sair é o qu irá conduzir a vitória, ao sucesso.

Otimismo bobo a parte, realmente essa posição quanto as adversidades da vida não combina comigo. O pessimismo faz parte de mim e sempre que algo puder dar errado, eu tenho a certeza de que dará errado. Mas se algo for minha culpa, penso que seja sempre possibilidade de crescimento e aprendizado. Por outro lado também não quero dizer que gosto de errar e muito menos de ser corrigido. Na verdade detesto, e se alguém tiver o objetivo de me fazer como inimigo, basta que me corrija repetidas vezes. Pois parece que tambpem tenho um lado teimoso e impulsivo, quem sabe até orgulho. 

Retornando, a maturidade é algo essencial no momento de se lidar com a decepção e com o fracasso. Algumas pessoas não reajem bem. Choram, se desesperam, se irritam, ou no meu caso, se isolam. Todos temos um momento de convalescença que merece ser respeitado. Ninguém reage exatamente igual a outra pessoa a determinada situação de tensão psicológica. Particularmente penso que o acalmar dos nervos e o traçar de um plano de ações que contemple o aprendizado e a superação sejam o caminho para o sucesso. Passar tempo demais sofrendo também não é bom. Nem muito e nem pouco. O importante é sempre retornar ao equilibro. Fazer com que as engrenagens voltem ao seus devidos lugares, e que o relógio volte a funcionar com precisão. 

Da mesma também é nosso coração. E aqui nessa segunda parte eu me volto para algo mais reflexivo e pessoal ainda. 

São João da Cruz diz que "Quando a alma chega no amor, está como um enfermo muito fatigado, o qual, havendo perdido o gosto e o apetite, tem fastio de todos os manjares, e com todas as coisas se cansa e se incomoda. Em tudo o quanto lhe vem o pensamento ou, se oferece a sua vista, só tem um apetite e um desejo: o de sua saúde." (Cântico Espiritual - Anotação da Canção X)

Essa afirmação se encaixa com o que falava antes, sobre as engrenagens da consciência, pois assim como as decepções e frustrações abalam as estruturas da nosso equilíbrio, também o amor rompre com qualquer normalidade dentro de nós.

Certo que essa segunda mudança não é em si muito parecida com a primeira, mas igualmente devastadora. Nem sempre no sentido ruim do termo, note-se. O ponto é que as vezes, experimentamos um longo período de tranquilidade e serenidade, uma certa paz interior, e então somos assolados pela doença, que ataca repentina. Apenas uso a metáfora da doença pois assim foi o exemplo de meu Santo Pai João, A doença apenas se refere a drástica mudança que nos acontece. Em todos os planos, tanto físico quanto psicológico, e por esse motivo se encaixa tão bem.

A saúde aqui tem por figura o Amado. O motivo pelo qual caímos doente, e a única coisa que vem a mente do moribundo. 

Numa paixão então a primeira coisa que perdemos é o foco. Nada mais importa. Somente o Amado. As preocupações da vida, o trabalho, a família, tudo assume o segundo plano, e apenas  o motivo de nosso brilho no olhar assume o posto principal. Eu sou o tipo de pessoa que esquece de todo o mundo quando me apaixono por alguém, e isso sempre me traz consequências devastadoras. Ora, se faço do outro o centro do meu mundo, quando ele se vai, fico a vagar no limbo, sem direção, sem uma gravidade pra limitar e me orientar. E ai é que acontecem as tragédias. As noites mal dormidas. As infinitas playlists com musicas de depressão. A queda no pesoa, os ataques respiratórios frequentes... Fruto do desequilibrio. 

No entanto, essa situação também exige de nós o tão complexo equilibrio. Complexo pois nem sempre é claro onde está esse ponto de equilibrio, e na maioria das vezes, o limite entre o correto e o exagerado é apenas uma linha tênue. Naturalmente tendemos a puxar mais para um lado, geralmente aquele onde nos entegamos sem ressalvas e sem questionamentos, o que infelizmente nos abre espaço para as já ditas frustrações e decepções. 

Encontrar o nosso ponto de equílibrio deve ser então nosso objetivo. Lidar bem com as decepções e com as paixões. Tudo da maneira correta. Equilíbrio é a solução. Pois conseguindo reagir de forma igualmente racional e afetiva, as escolhas podem ser mais bem avaliadas e assim, as decepções podem ser limitadas. 

Que saibamos então lidar com as decepções, fracassos e frustrações da forma correta. Extraindo delas o aprendizado necessário para o sucesso e assim sempre crescer em sabedoria. 

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