sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Vazio

Mais um daqueles dias em que passei horas na frente da tela e não saiu absolutamente nada. Daí os olhos correm a tela... para pro Facebook, Twitter, WhatsApp, Youtube e eu de repente recomeço o ciclo. Pensei em procurar alguma musica pra tocar enquanto escrevo sobre ela mas nem isso deu resultado...

No entanto, agora, quase duas horas depois, sob efeito de um Diazepan e dos episódios 25 e 26 de Neon Genesis Evangelion, eu acho que consegui entender dos motivos por detrás desse vazio de hoje.

Vazio. É sobre ele que irei falar hoje e talvez seja por conta dele que eu não tenha conseguido me expressar de outra forma além de estar dopado e surtado. O fato é, opost de hoje deve ser curto e completamente sem nexo.

A primeira coisa que me vem a mente nesse momento, de liberdade mental, é o vazio que as pessoas deixaram em mim.

Existe um vazio bem no âmago de nossas almas. Uma imperfeição fundamental que tem assombrado todos os seres desde o primeiro pensamento. Em um nível primitivo, o homem sempre esteve ciente da escuridão que mora no núcleo de sua mente. Temos procurado escapar desse vazio e do temor que ele provoca, e o homem procura preencher esse vazio. 

Esse vazio é ainda maiz evidente quando notamos que aqueles que provisoriamente o preencheram se foram. Nos abandonaram. Essa é provavelmente a expressão do mestre Anno que eu mais citei aqui no blog, ao menos uma vez na semana eu a uso em algum novo contexto. Mas de fato, ela expressa bem o que eu tenho sentido. 

Esse vazio é primitivo, sempre existiu, mas se torna ainda mais evidente quando alguém se vai. A dor da partida parece tornar o vazio ainda maior e ainda mais doloroso. E sabe o motivo por detrás disso? Pois tememos a solidão mais do que qualquer outra coisa.

Se observarmos bem, todas as contruções da humanidade de alguma forma buscam a aproximação na vida das pessoas. Tudo o que fazemos pe em função de suprir esse medo, de usar as pessoas a nossa volta pra preencher esse vazio existencial. 

Para estabelecer minha identidade, tenho que me comunicar com as mentes de muitas pessoas. Tenho que examinar isso que está no meu núcleo.

E dessa forma, vamos tentando construir nossa própria identidade, nossa própria forma de ver, encarar o mundo.

No entanto, pra que eu consiga estabelecer essa identidade, me comunicando com os outros, preciso primeiro ter algo para comunicar, pois uma alma fracionada não pode comunicar outra coisa senão confusão e caos. Pelo seguinte motivo: pra se expressar uma ideia, ele deve primeiro estar formada, para então poder ser expressa através de palavras ou atitudes, enfim, através de interações. No entanto, em se tratando de minha pequena mente distorcida, posso afirmar que minha comunicação é sempre prejudicada por essa deficiência na comunicação. São sentimentos demais, impressões demais que de forma alguma poderiam ser ditas por não existir, ou por eu não conhecer, palavras que o possam fazê-lo.

Mas o vazio permanece, e com ele vem a angustia, o sofrimento. Logo, para tentar encontrar uma maneira de me comunicar melhor com o outro, eu preciso examinar o meu núcleo. E aqui é onde penso que se encontra o maior problema pois, algo tão fragmentado pode dar algum resultado?

Digo fragmentado pois, sou acometido por tantos pensamentos durante todo o dia que as vezes começo a me perguntar se todos são frutos de minha propria mente. Me irrito com coisas banais, tenho uma série de manias que não fazem nenhum sentido sequer e mais uma incontável lista de paranoias que só me revelam uma mente fragmentada, obssecada em fugir da solidão e desesperada por se encontrar tão sozinha. Essa obsessão explicaria minha atitude masoquista e condecendente com o sofrimento auto-infligido que meus afetos me causam. Esse ponto já está bem claro pra mim. Meu medo de ficar sozinho, de ser esquecido e abanadonado sem nenhum importância se reflete na forma como eu encaro as pessoas a minha volta, particularmente meus amigos. Por isso na grande maioria dos casos, eu acabo por confundir educação com afeição, ou até mesmo paixão. O que, nem preciso dizer, traz consequências desastrosas pro meu psicológico. Como as inúmeras frustrações, decepções e abandonos.

Voltando a afirmação sobre o vazio fundamental, cada um busca preenchê-lo de uma forma, e em cada um ele se manifesta de uma forma. Posso afirmar então que esse vazio se manifesta em mim através da carência. Como resultado, temos um Gabriel sempre se sentindo solitário, descontente e apaixonado, suspirando pelos cantos. Tragicamente, poucos foram os momentos de minha vida em que pude afirmar não estar apaixonado por ninguém. Isso só mostra como eu tento preencher o vazio de minha'alma com o calor dos braços do outro. Mas obviamente isso não é a forma correta de se fazer isso, o que traz por resultado minhas catastróficas experiências amorosas. Mas temos sempre procurado escapar desse vazio, pois a dor que ele traz é maior do que a dor que aflingimos em nós mesmos em nossas fracassadas tentativas de encontrar a felicidade.

Logo, voltei a ficar sem respostas, com a impressão de que? Um vazio. Uma vazio enorme e imenso que me traz angústia e uma fadiga horrendas mas que não sei como preencher. Lamentavelmente, pelo que pude observar das pessoas a minha volta, a maioria também sente esse vazio, outras o ignoram, e outras por sua vez, costumam preenchê-lo de qualquer forma, cainda em práticas desesperadoras e que não raramente terminam na morte de quem a busca.

Mas penso que esse vazio deva fazer parte da minha existência. Devo aceitá-lo. Sim, admito que devo também continuar a buscar a resposta pra esse vazio, mas que isso não me leve a loucura.

~

PS.: Os textos em itálico são trechos do script dos episódios 25 e 26 de NEON GENESIS EVANGELION que eu transcrevi nos posts A Instrumentalidade Humana Pt 1 e A Instrumentalidade Humana Pt 2.

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