domingo, 21 de agosto de 2016

Finais

Durante a nossa vida: conhecemos pessoas que vêm e que ficam, outras que vêm e passam. Existem aquelas que, vêm, ficam e depois de algum tempo se vão. Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar... Primeiramente, quem disse isso foi Charles Chaplin, não eu, mas pensei que seria uma boa forma de começar o post dessa noite conturbada de sábado.

Hoje foi um dia e tanto, cansativo e barulhento, e como era de se esperar que acontecesse com alguém que tem sérios problemas de concentração, muito barulho acumulado resulta em pânico e uma baita dor de cabeça. Passei o dia praticamente todo fazendo faxina em casa e depois na igreja e ainda tive de arrumar uma porção de coisas pra solenidade de amanhã, coisas estas que minha personalidade liturgicamente perfeccionista não permitiria que estivessem menos do que perfeitas. No momento, me encontro deitado, ouvindo musica baixinho, tentando abafar os ruidos quem vem dos bares e igrejas aqui da minha rua. Uma realidade triste pra quem tem ouvidos tão sensíveis. Claro que, depois de tudo isso, a inspiração já se foi pra bem longe de mim, e provavelmente deve estar rindo das minhas tentativas de buscar concentração no estado lastimável em que estou. Estou com medo de estar me tornando um daqueles escritores fracassados que, além de não venderem nada, passam a vida buscando inspiração pra escrever sobre a vida enquanto ficam de mal humor por terem uma péssima vida e não conseguirem escrever nada sobre a vida.

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Bom, ontem, noite de sábado não rendeu muido, acabei largando aqui porque não consegui nada além do parágrafo anterior e fui assistir The End Of Evangelion, pra ver se surgia alguma inspiração, até surgiu, mas acabou que eu estava muito cansado do longo dia e fui dormir, pois tinha de levantar cedo hoje... Agora, tento escrever algo aqui nessa tarde fresca de domingo... Mas gostei da ideia que tive ontem, de pensar sobre as pessoas que se foram (foram no sentido de ir mesmo, não que tenham morrido) e foi quando me lembrei daquele antigo jargão do Facebook que diz que devemos deixar as pessoas livres, pois, se algo for nosso, sempre acabará voltando. Infelizmente acho que dificilmente pensamos dessa forma pois temos uma forma muito egoísta de amar. Por certo, diria que somos "míopes" quanto ao o amor, pois sempre enxergamos amor em tudo o que não é amor.

Hoje,o relacionamento entre as pessoaa está tão ruim que confundimos educação e cordialidade com amor. Alguém é simpático e logo pensamos que na verdade essa pessoa está interessada em nós. Ai, em nossa pequena mente distorcida, começamos a alimentar mil e uma fantasias onde encontramos um final feliz ao lado dessa pessoa que, na maioria das vezes é praticamente um completo estranho. Em poucas palavras, alguém segura a porta pra gente na entrada do banco e já saímos de lá imaginando onde vamos colocar nossos filhos pra estudar. Digo isso por experiência própria, mas também conheço muitas pessoa assim, e acredito ser um problema bem difícil de se resolver. Também tenho uma certa propriedade em paixões rápidas e com finais trágicos mas que na verdade só acontecem na minha cabeça mesmo.

Tudo isso tem relação com essa forma errada de enxergar o amor, de querer dominar, possuir, ao invés de se doar. Com efeito, creio que amar não tenha sentido no possuir, mas no doar-se. Se essa doação será recíproca, talvez seja motivo pra partir pra outra, ou não, pois o amor também é desinteressado, e se for verdadeiro, não se incomodará com a falta de reciprocidade, isso é o de menos, o que importa de fato é o doar-se verdadeiramente, incondicionalmente. Particularmente, com o perdão das rimas não intencionais, admiro muito esse lado do amor que se sacrifica. Tanto é que as mais belas histórias de amor envolvem o sacríficio.

Voltando a pensar nos que se foram, mais uma vez me perdendo em devaneios, me ponho a pensar em como é doloroso ver aqueles que um dia foram próximos hoje estarem tão distantes quanto desconhecidos. Sim, por vezes eu falo de proximidade, de como é bom encontrar pessoas pelas quais você pode despir a alma, e mostrar quem é você de verdade. Mas é muito estranho de fato notar que uma pessoa que viu o mais íntimo de sua alma hoje agir com frieza e estranheza perante a ti. Como se nunca tivessem se entendido completamente, como se nunca tivessem trocado confidências e visto até mesmo o lado mais obscuro um do outro. Quando conhecemos alguém assim, sentimos que podemos enfrentar todo o mundo pois ao nosso lado se encontra uma pessoa pra lutar com a gente. No entanto, tempos mais tarde, são como dois estranhos, que ao se verem na rua, mal sorriem desconcertadamente um pro outro somente por estarem sem graça em se reencontrarem após tanto tempo. Triste, de fato, mas penso que não haja nada que eu possa fazer... Apenas me lamentar pelas amizades que se foram e lutar pras que as amizades que tenho hoje não tenham o mesmo destino.

Usando uma ótica realista, essa é a coisa certa a se fazer, encarar de frente e aceitar que as pessoas vêm e vão o tempo todo, e é inútil se aborrecer com isso. Começar também a agradecer pelos momentos bons que as amizades trouxeram, e de fato lutar, tentar a todo custo a não deixar essas tristes histórias se repetirem. 

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