terça-feira, 13 de junho de 2017

Crueldade

Um pouco mais calmo hoje, mas não completamente... 

Durante uma batalha, existem aqueles breves momentos de silêncio entre um disparo de canhão de outro. Para os soldados exauridos da batalha eles podem ser um momento onde a faísca da esperança pode vir aos seus corações, mas estão errados, o silêncio não significa sua vitória, não significa que suas vidas estão salvas, significa apenas que há um breve silêncio antes de suas vidas serem despedaçadas pela pesada bola de fogo que vem do céu. 

Antes de a bola de canhão atingir o chão, ela produz um som alto no céu, como um silvo de prenúncio da morte que há de vir com sua queda. E isso é tudo o que pode vir com sua queda: morte! O silvo no céu é como a trombeta gloriosa que convoca os mortos ante o trono do Criador. É um convite a presença daquele que o criou, e que ali o convocou. 

Essa não é aquela calmaria antes da batalha. Aquela se caracteriza pela calma completa, pelo total desprendimento do horror, do medo, mas que no fundo se prenuncia uma nova batalha, uma nova guerra, uma nova morte. 

Quanto sofrimento uma pessoa precisa ter passado em vida para desejar a morte? Tolo, acredita que fugindo da vida fugiria de seus tormentos, mas entrega-se a tormentos ainda piores. 

No entanto isso é compreensível, o negar a dor é compreensível. Seria então tão ruim assim culpar aqueles que não querem mais sentir dor? 

O mundo nos dá dor, tudo o que o mundo nos oferece a dor, e até mesmo aquelas alegrias que temos são como os silvos dos canhões nas guerras: apenas momentos de silêncio e calmaria antes da morte que oblitera toda a existência.

Podemos então exigir do homem que sofre que deseje continuar a sofrer? Pedir que um homem que sofre continue a sofrer é prolongar sua morte, não é um ato de misericórdia, é crueldade.

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