terça-feira, 6 de junho de 2017

O marketing do amor

Por quanto tempo ficarei ainda sozinho? 
E por quanto tempo ainda vou reclamar por estar sozinho? 

Alguém que já se encontra nessa situação a tanto tempo deveria ter se habituado a estar só, mesmo que rodeado de pessoas. 

Só que o amor tende a ter um departamento de marketing muito bom, e no que se refere a isso, ele consegue me bombardear a todo segundo com mensagens que me levam a pensar em certas pessoas, e que me fazem cair numa constante percepção de minha solidão. Isso faz com que mesmo os solitários tenham sua dose de esperança diária no amor, principalmente aqueles impossíveis que insistentemente queremos continuar a acreditar. 

Alguns pensam nisso durante o trajeto de ônibus até a faculdade. Outros durante o banho. Eu o faço por quase todos os minutos do meu dia. Sério, desde o momento que acordo até a hora de dormir, depois de passar horas e horas revirando na cama esperando os remédios fazerem efeito eu penso nessas questões que tanto me incomodam...

A maior parte das pessoas da minha idade pensam em sexo o dia inteiro, e não vou mentir, comigo não é diferente, mas pra mim não se trata apenas de sexo, também sou bombardeado com imagens de amor o tempo inteiro, e pra ser sincero, controlar uma paixão é bem mais complicado que controlar uma ereção.

É como estar com fome e constantemente receber imagens de pratos deliciosos, ou ver os mesmos serem preparados na sua frente e não poder comer nenhum. É uma tentação constante, e não raramente ideias absurdas pululam na mente daqueles que tendem a lidar constantemente com a solidão.

Quem nunca pensou em sequestrar aquele garoto bonito do ônibus? Ou quem nunca jogou na loteria com o objetivo de ficar rico para traficar homens, trancá-los num quartinho e fazer horrores? Eu sempre! 

É engraçado notar como a dicotomia do relacionamento humano se representa na minha mente. Em dados momentos eu tenho crises constantes de um romantismo alucinado preocupante e em outros é um apetite sexual absurdamente exaltado que me faz esquecer das regras éticas e morais de uma forma que me lembra e muito a sociopatia. 

Essas duas formas se mesclam de tal forma que nem sempre consigo separar bem em qual momento estou. Não raramente penso em sexo como penso em amor. Mas as vezes penso em sexo como uma consequência do amor. Claro que por experiência própria sei que nem sempre, quase nunca na verdade, amor e sexo andam de mãos dadas. 

Prefiro pensar então que os dois podem sim coexistir e ser um a consequência do outro, ou uma característica do outro, mas também admito que um pode sim existir normalmente sem sequer cogitar a existência do outro. 

Também não me sinto no direito de me arriscar a dizer o que é o amor, ou como ele se manifesta, ao passo que acredito nunca ter vivenciado o que é o amor de verdade. Afinal, o que pode ser o amor? 

Interesse? Afeto? Admiração? Isso não é amor! Ainda que tudo isso fosse sentido junto, seria apenas um conjunto de interesse, afeto e admiração, não amor! Penso que amor de verdade é outra coisa, só não descobri ainda o que é!

Alguns já o definiram para mim como sendo um forte sentimento de necessidade do outro, o que me parece uma óbvia declaração de carência e de uma quase patológica necessidade de atenção, e não algo tão belo quanto o amor. Claro que posso estar errado, pois se ele for realmente tão grande assim, é certo que não será compreendido e nem abarcado pelas palavras de jovens cujos hormônios gritam mais que astros do Rock e nem pelas de um patético professor de História com problemas de autoestima e de carência afetiva (no caso eu, se não ficou claro o suficiente). Logo, essa ainda é uma reflexão que ainda está (bem) longe de acabar... 

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