domingo, 11 de junho de 2017

Minha música

Hmm, a música... Aprendi nas primeiras lições das aulas de violino que se trata da "arte de expressar os afetos da alma mediante os sons." Alguns discordam dessa definição, que nem sei de quem é aliás, por considerarem-na demasiado simplória... Eu não, penso que ela consegue sim, sintetizar em poucas palavras, o que é a música, ao menos para mim.

Particularmente sempre tive uma íntima ligação com a música, bastante íntima mesmo. Desde muito pequeno eu chorava ouvindo rádio, ou pulava de alegria por horas cantando algum tema de abertura dos muitos desenhos que eu via... 

Desde pequeno também aprendi a não diferenciar estilos musicais. Não tinha preconceito, e tudo era capaz de me tocar. Com o tempo isso foi mudando, e chegou o tempo em que meu estilo musical se resumiu muito. Hoje percebo o quanto isso foi prejudicial, pois quanta coisa boa eu perdi por bobagem!

Atualmente eu busco viver com os horizontes sempre abertos, e busco não ter muito preconceito, sempre que posso. Admito que ainda enfrento fortes barreiras em ouvir determinadas coisas, como o nosso excessivamente apelativo sertanejo universitário, que parecer ser obrigatório nos cartões de memória de todos que tenham o mínimo de vida social. Não consigo, simplesmente tenho asco em ouvir quase todos os nomes da atualidade, excetuando um ou dois que não sejam tão absurdamente impostos as massas como os outros. 

Também tenho dificuldades em ouvir Rock. Sei que é apenas ignorância de minha parte mas só o fato de a palavra me remeter a fortes guitarras e baterias intermináveis ao lado de vocais ensurdecedores me faz ter calafrios. Tenho ciência que essas características se aplicam a apenas uma parcela de toda uma cultura do Rock, mas me conforta saber que o meio já possui um séquito bastante nutrido para precisar do meu ouvido também. 

Quanto ao Funk (o nacional) nem me atrevo a dizer que tenho vontade de conhecer. Estou muito bem, obrigado!

Me lembro com graça de anos atrás, quando torcia o nariz para estilos musicais que hoje figuram entre meus favoritos. Ah, se eu soubesse que um dia seria um amante tão inveterado da musica erudita, pensaria muitas vezes antes de dizer que não tinha paciência para as orquestras. 

Mas também percebo que minha vida musical pode ser assim chamada pois também passou por um processo de amadurecimento, um crescimento por teve de ser nutrida pacientemente até chegar ao seu estágio atual, que não é nem de longe o final.

Gosto de notar que sempre tive apego a música internacional. Talvez movido por um preconceito forte em mim de que tudo que é estrangeiro é melhor, e admito que ainda não o quebrei totalmente. Pouco daquilo que consumo é de fato brasileiro, ainda que a cultura brasileira em si seja toda derivada do estrangeiro, logo penso que valorizar nossa cultura seja valorizar também o estrangeiro, afinal é nossa primeira fonte. Claro que acredito existir ai uma diferença entre valorizar nossa cultura, que é derivada do estrangeiro, e valorizar nossa produção, mas isso talvez seja assunto para um artigo e não para um blog. 

De qualquer forma, ainda me agrada pensar na música como uma forma de expressar o que se passa na alma. Como já disse muitas outras vezes, a alma é como um largo rio, de águas revoltas ou límpidas, e que pode ser acessada de várias formas, e algumas dessas formas permitem ainda a expressão dessa correnteza aqui no plano exterior. Assim seriam as artes, que trariam para fora, de diversas formas, o que se passa na alma. Seja ela a música, a poesia, a arquitetura... Tudo exprime no exterior o que se passa no interior, e como isso é belo!

Por esse motivo, quando penso em música, penso em muitos aspectos da alma, e percebo o quanto ela pode ser rica e grandiosa. Infinitas são as possibilidades que a alma nos dá para se expressar. 

Cada música que escuto me diz isso. Cada acorde, cada compasso... Tudo aponta para um mundo infinitamente maior e mais belo do que esse, um mundo de ideias perfeitas, e a música, são para mim a mais perfeita manifestação das ideias perfeitas, ao passo que as outras artes não conseguem se aprofundar tanto quanto ela... 

Sei bem disso pois uso a letra para me expressar, não a música, e sei o quanto esse meio é limitado. Quantas e quantas vezes fiquei sem palavras mesmo tendo muito a dizer? Com a música não, para ela não há limites, exceto o conhecimento daquele que a invoca, e grandes obras me mostram pessoas que conseguiram abarcar quase a totalidade de suas almas em suas músicas.

Como não pensar, por exemplo, no Concerto para Piano N° 2 do Rachmaninoff? Quem ousaria contestar que trata-se de uma obra de profunda sensibilidade, capaz de dobrar os corações mais duros a tristeza, a melancolia e a alegria do coração de seu criador ao se recuperar de uma grande dor? 

Sempre depois de acordar, enquanto me arrumo para sair, gosto de ouvir Come Sweet Death, da trilha sonora de The End of Evangelion, uma de minhas obras favoritas, e acho bastante agradável passar a manhã cantarolando "It all returns, to nothing..."

Outros dias acordo um pouco mais animado, e nesses momentos escolho músicas como Because of You do After School, The Eye do INFINITE ou History Maker do Dean Fujioka... Todas me trazem uma delicada sensação de alegria, e me dão certa coragem para viver o dia assim. Quando se passa tantos dias tão difíceis e mentalmente exaustivos quanto eu, isso significa muito mesmo...

Da mesma forma como me ocorreu com a música clássica, o Jazz me conquistou quando menos esperava. Se considerava o clássico chato e cansativo, o Jazz era apenas um ser graça que queria ser sem graça e cansativo. Hoje os mais de 50 CDs em meu HD dizem o contrário!

Os ritmos que pouco agradam o grande público sempre tiveram minha atenção, e esse mundo do desconhecido me encantou e me encanta até hoje. Acredito que isso seja suficiente para explicar as centenas de pastas de músicas coreanas, japonesas, chinesas e tailandesas da minha biblioteca, todas elas tendo entre si alguns dos meus nome favoritos...

Claro que isso faz de mim um estranho, e não é sinônimo de ser politizado. Por exemplo, mesmo gostando muito do cenário musical independente, tudo o que conheço são os nomes que um antigo namorado me deu, o mesmo vale para a MPB, e isso eu ainda pretendo mudar... 

Mas se tem algo que a música me ensinou foi justamente a compreender o quão grande é o mundo, e as pessoas que nele habitam, sem ter de sair do meu quarto.

Poderia citar exemplos a noite inteira, mas os remédios que tomei para dormir começam a fazer efeito, e preciso desse sono.

Me retiro com a reflexão de que a música, mesmo sendo ouvida pelas massas, produz em cada um uma experiência particular, e isso é o mais fantásticos, pois ainda sendo ilimitada a fonte de produção musical, a alma, também o é a sua interpretação.

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