quarta-feira, 14 de junho de 2017

O que restou então?

Alguns momentos da vida fazem com que eu perca toda e qualquer vontade de viver, de existir. São esses momentos em que tudo dá errado, em que nada sai como planejado, e que não sei como lidar com as contradições da vida, pois parece que é só isso que a vida tem para mim:

Desilusão

Desamor

Desesperança

Decepção

Sei que meu discurso soa excessivamente vitimista e demasiado pessimista, mas o que posso fazer? O poeta canta sobre seus amores quando ama, o pintor coloca em tela as belas flores que viu ou imaginou. Tudo o que consigo fazer é escrever sobre o que há em meu coração, e isso é tudo o que existe em meu ser agora.

Desilusão

Desamor

Desesperança

Decepção

Não posso escrever sobre o que não vivi, nem consigo imaginar coisas tão distantes de mim como o amor ou a felicidade.

Pra dizer a verdade esses conceitos são nesse momento para mim abstratos demais até mesmo para conceituá-los. Tudo o que consigo conceber é que são palavras sem nenhum sentido para mim. Não os conheço, por isso não os sinto.

Alguns se entristecem por terem suas alegrias sido retiradas deles, como amores que se foram, mas eu não, nunca perdi nada disso pois nunca tive nada disso. Nunca perdi um amor pois nunca amei de verdade, nem fui amado de verdade.

A vida nunca me deu nada, portanto não pode tirar nada de mim, pois tudo o que há em mim são os resquícios de uma existência patética, desprezível e que apenas continua a existir, sem nenhum propósito ou razão para o ser.

Constantemente a vida me dá ilusões... E logo eu embarco nelas, a vida as tira de mim...

Sinto como se vivesse num plataforma ferroviária, passando meus dias a observar os trens indo e vindo carregado de pessoas, cada uma delas com seus sonhos e esperanças, mas nenhuma delas permanece ali, todas se vão. E ali, dia após dia, as pessoas vêm e vão. Os meus amores vêm e vão. As minhas esperanças vêm e vão. E eu? Eu fico ali, sozinho, observando, esperando alguém aparecer do outro lado da plataforma, mas eu sei que ninguém apareceria num lugar como esse...

Constantemente a vida me faz crer no amor, e tão rápido quanto um golpe de foice ela o tira de mim.

Constantemente a vida me dá esperança, de que as coisas podem ser boas, de que posso ser feliz, de que um dia posso ser amado... E então ela tira essa esperança de mim.

Constantemente ainda a vida me dá pessoas que me fazem crer em tudo isso, e logo elas me decepcionam. Tiram de dentro de mim o amor, a esperança... Tudo o que já não tinha, mas que as ilusões da vida me levaram a crer que tinha... E o que restou então? 

Desilusão

Desamor

Desesperança

Decepção.

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