Alguns momentos da vida fazem com que eu perca toda e
qualquer vontade de viver, de existir. São esses momentos em que tudo dá
errado, em que nada sai como planejado, e que não sei como lidar com as
contradições da vida, pois parece que é só isso que a vida tem para mim:
Desilusão
Desamor
Desesperança
Decepção
Sei que meu discurso soa excessivamente vitimista e
demasiado pessimista, mas o que posso fazer? O poeta canta sobre seus amores
quando ama, o pintor coloca em tela as belas flores que viu ou imaginou. Tudo o
que consigo fazer é escrever sobre o que há em meu coração, e isso é tudo o que
existe em meu ser agora.
Desilusão
Desamor
Desesperança
Decepção
Não posso escrever sobre o que não vivi, nem consigo
imaginar coisas tão distantes de mim como o amor ou a felicidade.
Pra dizer a verdade esses conceitos são nesse momento para
mim abstratos demais até mesmo para conceituá-los. Tudo o que consigo conceber
é que são palavras sem nenhum sentido para mim. Não os conheço, por isso não os
sinto.
Alguns se entristecem por terem suas alegrias sido retiradas
deles, como amores que se foram, mas eu não, nunca perdi nada disso pois nunca
tive nada disso. Nunca perdi um amor pois nunca amei de verdade, nem fui amado
de verdade.
A vida nunca me deu nada, portanto não pode tirar nada de
mim, pois tudo o que há em mim são os resquícios de uma existência patética,
desprezível e que apenas continua a existir, sem nenhum propósito ou razão para
o ser.
Constantemente a vida me dá ilusões... E logo eu embarco
nelas, a vida as tira de mim...
Sinto como se vivesse num plataforma ferroviária, passando
meus dias a observar os trens indo e vindo carregado de pessoas, cada uma delas
com seus sonhos e esperanças, mas nenhuma delas permanece ali, todas se vão. E
ali, dia após dia, as pessoas vêm e vão. Os meus amores vêm e vão. As minhas
esperanças vêm e vão. E eu? Eu fico ali, sozinho, observando, esperando alguém aparecer do outro lado da plataforma, mas eu sei que ninguém apareceria num lugar como esse...
Constantemente a vida me faz crer no amor, e tão rápido
quanto um golpe de foice ela o tira de mim.
Constantemente a vida me dá esperança, de que as coisas
podem ser boas, de que posso ser feliz, de que um dia posso ser amado... E
então ela tira essa esperança de mim.
Constantemente ainda a vida me dá pessoas que me fazem crer
em tudo isso, e logo elas me decepcionam. Tiram de dentro de mim o amor, a
esperança... Tudo o que já não tinha, mas que as ilusões da vida me levaram a
crer que tinha... E o que restou então?
Desilusão
Desamor
Desesperança
Decepção.
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